domingo, 5 de novembro de 2017

O QUE É ACORDAR

Nos Trabalhos de Gurdjieff quase não usamos este termo “Acordar”, pois o nosso objetivo é exatamente alcançar este objetivo e se por um acaso, acharemos que estamos acordado, é um engano, pois esta condição tem níveis diferenciados em cada situação de nossa vida. É fácil para uma pessoa que esteja a um bom tempo fazendo um trabalho de grupo entender o que digo, mas para uma pessoa que  nunca fez exercícios de Gurdjieff ou que fez por pouco tempo se engane e ache que está acordado ou com seu nível de consciência acima do estado de vigília.
Muitas pessoa que chegam ao grupo me dizem que já conhecem estes exercícios de sensação do corpo e que em muitas situações já fizeram e sentiram o que praticamos. O interessante é que no momento que estão falando comigo, não estão fazendo nada para estar presente e mesmo numa situação de movimentos ou Mokuso elas encontram grandes dificuldades em fazer os exercícios, mas mesmo assim acham que estão fazendo e dizem que entenderam o que está se passando em apenas algumas reuniões. O interessante é que estas mesmas pessoas após alguns meses ou anos começam a perceber durante os exercícios que raramente estão presentes e a sua atenção é limitada, restrita a pequenos afazeres, e que diante de si existem várias situações em que ela não enxerga e nem faz absolutamente nada que deveria fazer em relação a atenção que ela deveria ter em muitas ocasiões. Mesmo estando sentindo o corpo e querendo estar com o máximo de atenção, existe uma limitação da própria pessoa, pois seu corpo de CS ainda está em formação. Isto acontece quando o grupo está reunido e todos tem esta finalidade: acordar e permanecer nesta condição de atenção. A todo momento vemos que o esforço dentro do grupo é difícil de se manter em um nível desejado. Agora pergunto : E quando estamos longe um do outro, junto de pessoas que dormem e acham que estão acordadas e que acham que sabem o que fazer, como fica a situação de alguem que está no trabalho? É fácil de se perceber que acontece da pessoa procurar estar presente, mesmo que parcialmente. Mas cada esforço de que fazemos é uma soma para o acúmulo da consciência que dia a dia pode aumentar, até se tornar uma Consciência de Si.
Dentre os vários  Eus  que temos dentro de nós cada eu representa uma força e a soma deles é que produz o que somos na vida. Uma pessoa que está no trabalho de Gurdjieff e se considera firme, que nada o abalará, que seu objetivo é ser imortal etc. mas desconhece que existem  a  força dos Eus  que não estão no trabalho e que somente a própria pessoa tem capacidade de ver e saber de sua existência, mas quando vêem um pouco fogem e procuram justificar seus gostos e até sua compreensão limitada. Alguém está no Trabalho de Gurdjieff porque ainda não apareceu algum tipo de tentação que o tire do trabalho. Pode ser algum emprego cuja remuneração é boa, mas o impedirá de participar de participar das reuniões. Como também algum curso da área que a pessoa dê mais valor do que sua própria evolução. O seu C.G. não é do trabalho sobre si os Eus que estavam adormecidos, podem acordar de repente e ficar até furioso se alguém discordar. Com essas pessoas devemos não tentar mostrar a ilusão em que estão metidas, mas nos afastarmos das idéias dela e observar de longe, sem tentar mudá-las.
Elas não são do trabalho, estavam no Trabalho de Gurdjieff. Quando alguém dentro de si mesmo pode se considerar do trabalho, é pelo simples motivo em que ela descartaria tudo em sua vida para a sua evolução. Seu centro magnético existe e o restante em sua vida que em seu redor, começando com a família, serviços etc, o FDS não lhe atinge.

Uma pessoa pode passar alguns anos sem que apareça uma oportunidade tentadora, mas quando aparece ela ela não tem dúvidas, a sua vida é aquilo, então quando  ela pede uma opinião a alguém, já está decidida a prosseguir em seu real objetivo que acaba sendo outras três forças negativas que tira a maioria das pessoas do Trabalho de Gurdjieff. Então o acordar passa a 2º plano e seu sono vira acolhedor e gostoso.