segunda-feira, 18 de abril de 2016

A EVOLUÇÃO DO SER

O homem normal sempre acha que a razão é a sua e que seu ponto de vista é o certo. Baseado em suas próprias convicções, esquece que a sua cabeça e  seu raciocínio é apenas uma pequena parte de seu próprio ser e que sua  compreensão pode mudar de acordo com as circunstâncias em que está vivendo. Todo o conhecimento de uma pessoa pode ser acrescido de uma experiência e se tornar mecânico, completamente automático. Isto quer dizer que o próprio conhecimento pára, estaciona e deixa de evoluir com o  tempo. Quando aprendemos algo pode ser por um dos centros. Pode iniciar com o Centro Intelecctual e passar para o Centro Motor  como também pode iniciar com o Centro Motor e passa para o Centro Emocional e assim o aprendizado se automatiza.
Se o homem for de uma escola que procura a evolução do SER, ele não pode parar de praticar o que toma conhecimento para poder evoluir em sua consciência. Para isso deve aceitar que aquilo que hoje ele gosta, pode amanhã gostar muito mais ou simplesmente esquecer que gostava ou fazia. Se a pessoa procura acordar, deve sempre se auto observar através de exercícios contínuos. Quando a pessoa se acha capaz ou que já está com a razão, significa que parou. O  que ela é continuará sendo até a hora da morte, nada mais lhe será acrescido. Se tem um pequeno gosto, após 5 ou 10 anos continuará a mesma pessoa; Se tem um ponto de vista, assim ficara até o final; Suas convicções continuarão as mesmas, apenas poderá fortalecê-las, isto é, dormirá cada vez mais; Se antes fumava um maço de cigarro agora fumará dez ou mais; Se antes era um pouco nervoso, quando velho ficará pior ainda. A evolução do ser humano precisa sempre ser dada uma corda para sair do lugar, igual um relógio. Tem um tempo determinado para funcionar e sempre voltará as mesmas horas. Fora pode tudo ter mudado mas o relógio é  o mesmo e percorrerá o mesmo caminho por mais que lhe dêem corda. Para  haver uma evolução é necessário trabalhar sobre si mesmo, obedecendo não regras ou leis, mas se observando. Vamos dizer que uma pessoa fuma, bebe álcool, etc.. e ao entrar para uma religião e seguir suas leis deixa de fazer isto. Por um pequeno momento ele fará um esforço, em seguida se achará melhor do que os outros, em situação privilegiada, etc...Na verdade estará em pior situação do que antes, pois se antes ele se achava normal com seus vícios agora se acha melhor e na verdade nada em si mudou, continuará com as mesmas convicções e no lugar dos seus vícios colocará o orgulho e a vaidade, fantasiará sua própria pessoa se achando diferente e daí para frente nada em si mudará, terá os mesmos medos, distrações e conhecimentos, apenas aumentará as suas fantasias.
O que fazer então para se ter algo concreto dentro de si ? Devemos nunca aceitar aquilo que somos como um final ou que está certo. Se achamos que gostamos de uma pessoa devemos observar , com detalhes nosso comportamento diante dela e verificar através de uma observação imparcial o que sentimos por ela em cada detalhe por menor que seja. Por exemplo, acho que gosto de fulano mais do que beltrano. Devemos procurar porque gostamos e na observação constante estar presente quando a pessoa discorda de nós ou faz algo que achamos errado. O que sentimos naquela hora? O que pensamos? O que somos para ela neste momento? Qual é a tonalidade de voz que adquirimos? Como fica nosso corpo? etc, etc... Ao contrário também. Se não gostamos de alguém devemos procurar saber porque. O que temos em comum com ela? O que nos levou a ter esse tipo de sentimento? Será que nós nos achamos melhor do que ela? Porque? Tudo isso com base em relaxamento muscular e duvidar das próprias convicções.  No nosso caminho nada é conclusivo, tudo é início de algum conhecimento que nos levará a frente e para o alto.
Inicialmente deve-se até pensar que devemos deixar de sentir algo pelas pessoas, é o contrário devemos aprimorar nossos sentimentos e nossa atitude não agir mecanicamente como uma folha ao vento. Aceitar que queremos ser melhores do que somos não em nossos costumes ou atitudes, mas em nossa forma de ver e sentir o mundo que existe dentro e fora de nós para quando haver mudanças, ser para melhorar a nossa atual condição e não piorá-la. A medida em que passamos a fazer a Observação de Si  não temos possibilidade de ver o que pode fazer ou mudar. Só a longo tempo é que se nota a mudança tanto nos sentimento como nas atitudes. Agora a influência não fica unicamente em nós, ela atinge as pessoas que conhecemos, no nosso trabalho, religião, família, é como um fósforo dentro de um quarto escuro, por menor que seja a alma ela sempre iluminará o quarto todo, não só uma parte dele. O conhecimento de si inicia-se na observação de nossas impossibilidades, é quando começamos a duvidar daquilo que imaginamos possuir e que não temos como: controle de si, livre arbítrio, determinação, etc... Ao tomarmos conhecimento de nossas incapacidades, temos a possibilidade de termos estes méritos humanos, como amor, paciência, compreensão, etc...
A Observação de Si não pára somente nisto. Estes exercícios também abrem a porta para aquilo que ouvimos, lemos, acreditamos mas não vemos nem sentimos como a outra realidade além da material. Aos poucos passamos a ver, sentir e por em prática muitas coisas que pareceriam totalmente impossível para um não praticante. O grau de aprendizado que diz o nível de evolução de uma pessoa é pelo que ela vê, sente e faz na vida em seu cotidiano, uma coisa não é separada da outra. Vamos dizer que outra pessoa vê a outra realidade e não consegue ver a sua vida normal, isto é desequilíbrio e vice-versa. O trabalho sobre si é para se ter equilíbrio e com isto mais consciência e a formação de algo interior que não é perecível, que permaneça independente da vida material e transitória.
Quanto mais certeza tivermos do que temos que um dia enfrentar, maior é a força que nos faz ser diferente e encarar a realidade da vida como passageira, como o caminho para ir além do conhecimento que adquirimos na sociedade.
(2000)