segunda-feira, 2 de novembro de 2015

QUERER

O querer requer um estado de Consciência de Si. Além disso, a pessoa tem que ter uma persistência emocional, intelectual e motora, até podemos falQar que é vontade e não desejo, pois este se se parece com o querer.
O desejo vem do Centro Intelectual. Mas pode vir do motor, que induz a satisfação do centro, por isto a pessoa que inicia algo pode até conseguir, mas não fica mais acordada do que antes, ao contrário, quando alcança o seu objetivo, fica mais mecanizada e identificada com o objeto que se empenhou.
No caso do querer, devem participar no mínimo três centros. A cabeça almeja algo que o sentimento procura conseguir. O corpo, através da ação (prática), faz tudo para alcançar seus objetivos e para isto tem a necessidade de sacrificar a identificação consigo mesmo, auto-comiseração e outras manifestações que levam uma pessoa aos sonhos. Durante a trajetória de um esforço consciente, criamos dentro de nós, a compreensão de nosso próprio sacrifício, nos fortalecendo cada vez mais. Por isso ao alcançarmos o objetivo, este já não é mais atraente e nem valoroso, pois conseguimos algo para nós mesmo que é superior ao objetivo. Vamos dar exemplos: duas pessoas: A e B. A primeira possui algo dentro de si e o Trabalho de Gurdjieff é uma realidade de sua vida.    Esta pessoa quer um carro, mas começa a trabalhar para consegui-lo se esforçando cada vez mais até comprá-lo. Quando consegue isto, o carro já não é tão atraente, possui menos valor do que no pensamento inicial e até pode pensar que não vale a pena tanto esforço por aquele objeto. Outra coisa, o que quer se torna mais fácil conseguir , até é melhor, mas já não lhe interessa.

A segunda pessoa, apenas quer o carro e faz tudo para consegui-lo. Durante este empenho se identifica com o objetivo a ser alcançado e quando o consegue fica tão feliz que seu estado de sono aumenta mais do que quando iniciou. Ao conseguir comprar o carro terá dificuldade de ter outro, mas dentro de si estará radiante, aumentando com isto o orgulho, vaidade e identificação. A cima de tudo acha que valeu à pena a perda de tempo para consegui-lo e que foi algo de bom para sua vida, que foi trocada por algo externo e não interno como o primeiro que ao ter este intento armazenou dentro de si uma experiência de aumento de consciência  para a sua vida comum e interior.
Uma pessoa inicia o treinamento de karate para sua auto-defesa e melhora sua condição de brigar. Após ter treinado alguns anos alcançando este objetivo, percebeu que isto não tem importância  em sua vida, o que mais lhe interessa é aperfeiçoar  sua técnica , não para brigar ou se defender , mas para ter dentro de si aquilo que conhecemos como confiança e auto-controle. Isto se torna mais o importante para seus treinamentos.
Alguém que inicia o Trabalho de Gurdjieff com o objetivo da imortalidade através  de um esforço pessoal, começa com o passar do tempo a ver defeitos em si mesmo, como distrações, raiva, identificações, tristeza pelas identificações. Ao distrair-se, não consegue impedir nada que a torne mecânica e com isto fica com raiva por estar sendo contrariado, pois acha que sempre está certo em seu raciocínio, tirando a possibilidade de Observação de Si e  de ver o que está acontecendo consigo e ao mesmo tempo com as outras pessoas. Mesmo que haja cinco ou mais discordando e sendo todos do Trabalho de Gurdjieff. Nesta situação, se cria uma impossibilidade de Observação de Si, pois é um engano achar que estar sentindo o corpo seja o suficiente para se parar um processo de sono depois de iniciado.
Podemos até dizer que aquela pessoa não quer, não tem querer e nem capacidade no momento para acordar e verificar que está errada por estar dormindo. É um processo de fácil observação dentro de um grupo, tanto pela tonalidade de voz, pelos movimentos e a atitude facial de que não pode estar com fantasias,  com isto se defende, tentando explicar  uma razão para sua ação.
Dentro de um trabalho de grupo, quem não está identificado vê a identificação do outro. Fica mais fácil se houver mais pessoas no grupo com este objetivo. Mas, uma outra pessoa que antes estava vendo, pode se identificar com o processo e se distrair, parando de ver a sua própria identificação, caindo também no estado de sono. Isto não acontece se estiver presente  antes de ser questionado por alguma atitude ou entrar no assunto.
Quando  alguém já está identificado e se inicia uma observação de outras pessoas, é difícil ela conseguir impedir o seu desenvolvimento sem o querer , que chamo de humildade de não saber  o que está  passando consigo mesmo , nem com os companheiros que estão diante de si no momento da reunião .
Muitas vezes a pessoa pode não conseguir a compreensão do que está se passando, mas consegue se conter e depois entenderá que não estava presente. Naquele momento da identificação a pessoa é apenas alguém que não lembra de si.

20/03/2008

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