terça-feira, 20 de janeiro de 2015

CONHECIMENTO E SABEDORIA

Todo conhecimento é linear e adquirido por um único centro, normalmente o Centro Intelectual. Isso quer dizer que tudo que aprendemos ouvindo, lendo ou vendo não contribui para a evolução do ser. Para que isso aconteça é necessário o funcionamento de mais de um centro num determinado aprendizado.

A sabedoria se adquire quando o conhecimento internalizado se torna prático, e não é apenas cópia externa. Uma pessoa pode perfeitamente copiar a atitude da outra, ser até perfeita nas suas atitudes mas seu nível de ser interior não mudou nada. Como sabemos nós temos vários eus em nosso interior, cada um com sua ideia e compreensão e até seus próprios sentimentos, pois os eus utilizam os centros para sua manifestação.
Quando estamos praticando a observação de si, estamos acima dos eus e não aceitamos  nossas restritas compreensões como um fato de todo o ser, mas sim de uma pequena parte, ou de um pequeno eu que está se manifestando no momento. Vamos dizer que alguém fale algo para mim. Ao ouvir, imediatamente assumo uma postura de curiosidade ou de aceitação. Isto é uma pequena parte de meu ser. Devo neste momento duvidar de mim mesmo e me colocar numa postura de combate às minhas mecanicidades. Observo atentamente o que estou sentindo ou pensando e não tomo nenhuma atitude baseado naquela compreensão, apenas observo, tanto o meu interior, como quem fala comigo. 
Isto me traz uma possibilidade de adquirir um pouco mais de consciência naquele momento, pois não estou defendendo absolutamente nada do que eu sei e nem do que sabem, apenas observo. Ali se inicia o processo de transformação interior, pois estamos nesse momento recebendo um tipo superior de influência. Em outras palavras: estou me separando de mim mesmo. Se alguém perto de nós estiver fazendo o mesmo, imediatamente perceberá não só a intenção do assunto, como o nível de atenção que está se desenvolvendo no momento.
O conhecimento de um centro não é fruto de esforço consciente, por isso devemos a todo o momento estar sentindo uma parte de nosso corpo ao mesmo tempo em que observamos exteriormente, incluindo nessa observação o que se passa em nosso interior. Nesse caso,  estamos recebendo um tipo superior de energia (H48), que entra através das impressões e fica armazenado em nosso interior como uma forma de saber.
Para receber esta energia não interessando qual seja o assunto. Pode ser um assunto corriqueiro – futebol, esportes, família – como um assunto espiritual, pois o que importa é a maneira com a qual estamos recebendo o que está nos chegando através de nossos sentidos. 
A consciência de si não se restringe unicamente em ficar sentindo o corpo ou se auto-observando, mas na presença de tudo que esteja acontecendo ao nosso redor, devemos perceber não só o que falamos, o que fazemos, mas o que está acontecendo que necessite de nossa atuação no momento. Um homem que não esteja no trabalho, pode perfeitamente estar fazendo tudo corretamente, então é difícil perceber o que isso significa (a observação de si).
Para que tenhamos uma evolução interior efetiva, devemos nos colocar numa situação de caçador, à procura de um ponto que não esteja visível e que deveríamos perceber. Quando alguém nos alerta a respeito de algo que deveríamos fazer, isto é um momento de sono pois deveríamos perceber e sentir o que está se passando. Exatamente igual quando uma pessoa fala: se não estivermos identificados com o assunto, podemos ficar de fora apenas como espectadores do que se passa conosco e com os outros. 
Em outras palavras: é um alerta que nos conduzirá a uma situação de separatividade de nossas partes mecânicas interiores. Digamos que não haja ninguém perto de nós e estamos comendo um sanduíche. Devemos estar sentindo o corpo, percebendo o gosto do sanduíche e ao mesmo tempo estarmos alertas para o que se passa fora daquela situação, como pessoas que passam, que chegam e etc. Para a vida comum não há necessidade dessa observação interior, mas para nós, devemos incluir nessa observação as vozes interiores que nos chegam através de fatos exteriores ou de lembranças, preocupações, fatos da vida, que nos roubam energia como fantasia em nossa cabeça, trazendo até emoções negativas, nos prejudicando em nossa evolução.
Cada voz interior não deve ser levada em conta como algo de nosso ser, mas sim, de um eu que está se manifestando naquele momento. Então podemos dizer que chegou o momento de sacrifício, não deixando esses pequenos eus se manifestarem com ideias adquiridas mecanicamente.  Quando começamos nossa observação, no mesmo momento estamos adquirindo algo permanente que não necessita das funções do corpo (centros) para a sua existência e isto é a força que se tornará SABER.