domingo, 7 de setembro de 2014

O QUE É ACORDAR?


No Trabalho de Gurdjieff quase não usamos o termo “Acordar”, pois o nosso objetivo é exatamente alcançar isto e se por um acaso, acharmos que estamos acordados, é um engano, pois esta condição tem níveis diferentes em cada situação de nossa vida. É fácil para uma pessoa que esteja a um bom tempo fazendo um trabalho de grupo entender o que digo, mas uma pessoa que  nunca fez exercícios de Gurdjieff ou que fez por pouco tempo pode se enganar e achar que está acordada ou com nível de consciência acima do estado de vigília.
Muitas pessoa que chegam ao grupo me dizem que já conhecem estes exercícios de sensação do corpo e que em muitas situações já fizeram e sentiram o que praticamos. O interessante é que no momento que estão falando comigo, não estão fazendo nada para estarem presentes, e mesmo numa situação de movimentos ou Mokuso, elas encontram grandes dificuldades em fazer os exercícios. Mas mesmo assim acham que estão fazendo e dizem que entenderam o que está se passando em apenas algumas reuniões. 
Estas mesmas pessoas, após alguns meses ou anos começam a perceber durante os exercícios que raramente estão presentes e sua atenção é limitada, restrita a pequenos afazeres e que diante de si existem várias situações que elas não enxergam e nem fazem absolutamente nada que deveriam fazer em relação a atenção que deveriam ter em muitas ocasiões. Mesmo sentindo o corpo e querendo estar com o máximo de atenção, existe uma limitação da própria pessoa, pois seu corpo de CS ainda está em formação. 
Isto é mais evidente quando o grupo está reunido e todos tem a finalidade de acordar e permanecer nesta condição de atenção. A todo momento vemos que o esforço dentro do grupo é difícil de se manter em um nível desejado. Agora pergunto: E quando estamos longe um do outro, junto de pessoas que dormem e acham que estão acordadas e que acham que sabem o que fazer, como fica a situação de alguém que está no trabalho? É fácil de se perceber que a pessoa procura estar presente, mesmo que parcialmente. E cada esforço que fazemos é uma soma para o acúmulo da consciência que dia a dia pode aumentar, até se tornar Consciência de Si.
Dentre os vários  Eus  que temos dentro de nós cada eu representa uma força e a soma deles produz o que somos na vida. Uma pessoa que está no trabalho de Gurdjieff e se considera firme, que nada o abalará, que seu objetivo é ser imortal etc. desconhece que existem  a  força dos Eus que não estão no trabalho. Somente a própria pessoa tem capacidade de ver e saber de sua existência, mas quando vê um pouco foge e procura justificar seus gostos e até sua compreensão limitada.
Alguém está no Trabalho de Gurdjieff porque ainda não apareceu algum tipo de tentação que o tire do trabalho. Pode ser algum emprego cuja remuneração é boa mas o impedirá de participar das reuniões. Como também algum curso da área que a pessoa dê mais valor do que sua própria evolução. O seu C.G. não é do trabalho sobre si e os Eus que estavam adormecidos, podem acordar de repente e ficar até furioso se alguém discordar. Com essas pessoas devemos não tentar mostrar a ilusão em que estão metidas, mas nos afastarmos das ideias delas e observar de longe, sem tentar mudá-las.
Elas não são do trabalho, estavam no Trabalho de Gurdjieff. Quando alguém dentro de si mesmo pode se considerar do trabalho, é pelo simples motivo de que descartaria tudo em sua vida para a evolução. Seu centro magnético existe e o restante em sua vida está ao redor, começando com a família, serviços etc, o FDS não lhe atinge.
Uma pessoa pode passar alguns anos sem que apareça uma oportunidade tentadora, mas quando aparece ela não tem dúvidas, sua vida é aquilo. Então, quando pede opinião a alguém, já está decidida a prosseguir em seu real objetivo que acaba sendo outras três forças negativas que retiram a maioria das pessoas do Trabalho de Gurdjieff. O acordar passa a 2º plano e seu sono vira acolhedor e gostoso.



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