domingo, 16 de novembro de 2014

CONSTRUÇÃO DO TEMPLO INTERIOR



Antigamente, as Escolas de evolução humana (Hindu, Egípcia, Babilônica, Chinesa, Tolteca e Cristã), tinham como objetivo na Terra construir templos que servissem para a evolução do povo. Este povo vivia dirigido por estas Escolas, que ensinavam tudo o que era útil (agricultura, tecelagem, artesanato e convívio social), equilibrando assim a comunidade. Algumas pessoas que participavam destas construções também construíam seu corpo interior. Por este motivo, muitas civilizações desapareceram, por não terem mais necessidade de renascerem, visto que já haviam terminado seu objetivo interior. O que existe fora é o que estamos construindo dentro.
Quando iniciavam uma construção de acordo com os saberes astrológicos e esotéricos, incluindo a localização, sempre tinham como objetivo as medidas e direções acima do gosto pessoal de cada um. O local fortalecia a parte psicológica para quem ali morava e cada cômodo devia ter um objetivo coletivo. Sala: amizade e alegria. Cozinha: prazer e gosto individual de cada participante. Copa: reunião social de quem mora na casa e assuntos diversos. Quarto de dormir: reflexão e descanso e meditação, se não houver um local já determinado. 
A cabeça (CI) é onde se manifesta o pensamento concreto que produz arquitetura, artesanato e tudo aquilo que tem forma. O pensamento abstrato vem do sentimento (CE) e faz música, cores.
O homem com isso começa a trazer para o exterior o que construiu dentro de si, no mundo que podemos chamar astral ou mental, demonstrando para si mesmo a capacidade do comportamento resumido nas ações: querer, ousar, saber e acima de tudo, calar, para poder pensar no que está sendo construído (forma, gosto, pagamentos, gastos, modificações, etc.), não deixando que outras ideias interfiram negativamente na mudança desse mundo para outro.
Todos conseguem ver a capacidade desse feito que pode ser de um grupo ou individual. Se alguém do Grupo der sua contribuição, por menor que seja, seu tamanho não será medido pelo dinheiro, apenas pelo esforço pessoal de cada um. Um bom exemplo está em Marcos 12, 41:44: “Jesus estava no templo sentado perto de uma caixa de ofertas e olhava como o povo punha dinheiro ali. Muitos ricos davam muito, nisso chegou uma viúva que pôs na caixa duas moedinhas de pouco valor. Jesus chamou seus discípulos e disse” Afirmo a vocês que esta viúva pobre deu mais que todos, porque as outras pessoas deram o que estava sobrando. Ela porém, tão pobre assim, deu o que tinha para viver”.
Olhando assim, esse acontecimento pode passar despercebido mas existe nele a mensagem de um sentimento e uma confiança naquilo que está sendo doado, pois quanto maior apego ao mundo material, mais longe do espiritual, devendo ser o contrário, pois tudo segue o inverso do que se pensa comumente. Um aspecto não está separado do outro. Se for para termos apego, deve ser somente ao aumento de consciência e não as posses do mundo físico.
Nós vivemos simultaneamente em vários mundos: palavra, movimento e sentimento, que são uma expressão do mundo interior e com isto atraímos seus iguais. Se sentirmos raiva, esse sentimento atrairá alguma coisa ou pessoa que nos faça sentir raiva ou nos contrarie. Isto não está no exterior e sim dentro de nós.
A pessoa não percebe o que está acontecendo dentro de si então acha que todos são culpados daquele pensamento e daquele sentimento que está tendo (o mundo é culpado!). É preciso observar que o que acontece no interior é responsabilidade de si mesmo e não do mundo exterior.
Temos nosso corpo físico (carne) que obedece primeiro ao instinto (5 sentidos), depois ao desejo (ir, ficar, sentar, levantar, fazer ou não fazer, qualquer coisa por mais simples que seja). O centro instintivo apenas avisa, não determina. Quem decide são os Centros Emocional e Intelectual, sendo que o último entende ou não.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

FALSA PERSONALIDADE




Falso é tudo o que é supérfluo, sem nenhuma necessidade para a evolução da vida. Se inicia com a crença em algo relacionado com corpo e comida. O judeu acha que a carne de porco e outros alimentos são indignos, e que os homens mais respeitáveis usam roupa preta e cachinhos nos lados da cabeça e eles andam assim, se achando diferentes dos outros, procurando mostrar a diferença nas roupas e no corpo, acreditando que a história de um povo o diferencia do outro. Procuram manter essa diferença e assim o poder de serem diferentes e dirvergentes está no corpo, no orgulho de seus filhos, dos filhos de um passado que ignoram mas acreditam, porque alguém o escreveu. Igual a eles existem os Sikhis, muçulmanos, e até os protestantes com seu ternos e roupas compridas. Todos ficam satisfeitos com o que acreditam ser o certo e quando chega a hora da morte, todos choram e sofrem de forma igual. Todos temem a morte por desconhecerem que a essência e a personalidade verdadeira os torna  iguais, mas com a FP são muito diferentes. Devido à FP se odeiam e são inimigos, e quando atua a VP (verdadeira personalidade), se gostam e se respeitam. Se um encontrar com outro numa verdadeira dificuldade de vida, diante da morte, não terá lugar para a FP. Mas se o ódio que vem de um sentimento falso prevalecer, lutam até a morte, esquecendo tudo o que a vida tem de bom. Isto tudo deve ser muito observado e bem estudado pois é a manifestação visível da FP. Qualquer um desses homens tem a fraqueza de qualquer ser humano e o mesmo nível de compreensão, seja qual for a sua cor, religião ou país em que nasce.
Houve uma época em que a raça negra era a mais evoluída, depois a amarela, vermelha e agora a branca, mas a raça do futuro será a mistura de todas as raças. O que evolui em grupo segue a evolução da terra, que para nós é muito lenta. Houve necessidade de raças para a mudança do ser humano, sua evolução espiritual, mas em todas as épocas houve os precursores, os primeiros dirigentes que a pouco tempo eram reis e sacerdotes. Após a vinda de Jesus houve uma mudança enorme na evolução humana e a FP deixou de ser “algo protetor das raças” para se tornar um empecilho ao homem na conquista da sua própria consciência. A FP impede o homem de ser livre de tudo o que existe em sua vida devido aos sentimentos de apego, mas a VP faz brotar um verdadeiro sentimento que um dia se tornará amor.
Se o homem começa a acordar, sua vida muda em tudo, principalmente os sentimentos. Passamos a amar quem está acordado e a entender quem está dormindo. Podemos até a dizer: "Não entendo quem dorme”, “porque a pessoa que dorme não deseja acordar?”, “Porque ela é contra quem está mais acordado?”, “Porque ela procura a ilusão fugindo da realidade?”, “ Porque que todos dormem?”, e etc. E a realidde delas se torna um sonho com pesadelos e delírios, presos ao FDS.
Ao nos livrarmos da FP passamos a nos submeter a menos leis que a nos dirigir, com isto temos mais liberdade, mais direito de fazer o que queremos com consciência e ao mesmo tempo passamos a nos distanciar do mundo, tendo mais direito sobre ele e com isto mais controle também. Porque o controle sobre a vida mundana é proporcional ao controle sobre si mesmo. A FP é o descontrole total da própria vida e é diretamente proporcional ao apego e menos liberdade.
O corpo humano independente do nível de consciência que o homem tem. Qualquer que seja a sua personalidade, o corpo seguirá seu rumo queiramos o não. Neste tempo, devemos usá-lo o máximo que pudermos e exigir dele o que queremos para adquirir mais consciência, caso contrário, se seguirmos a FP, além de não adquirirmos a energia que necessitamos para nossa imortalidade, gastaremos o pouco que o homem comum adquire durante sua vida (de turbulência ou ociosidade), com sonhos, fantasias e com a própria saúde. A FP gasta tudo o que tem de melhor, não sabe o que pode ter e quer o que não serve, somente para aumentar seus sonhos e se distanciar da realidade e da vida. Ao olharmos a pessoa com a FP predominante, com usos e costumes, vemos que ela se apresenta como num desfile de modas querendo e justificando tais atitudes.
Muitas roupas foram usadas no passado por necessidade de clima, vamos dizer um indio brasileiro num clima tropical, 28 a 35 Graus, sem mudanças de temperatura, não tem necessidade de roupa. Já o índio dos Andes onde a temperatura pode chegar a 50 graus negativos com gelo, tem necessidade de roupa. O homem do deserto também é assim e as roupa começaram a ser usadas por necessidade, formado pela personalidade que não é falsa pois junto com ela também existem as necessidade de alimentação e família. A FP começa quando o homem esquece o motivo da roupa e do cabelo e começa a se achar diferente do outro. Exatamente igual ocorre com as religiões, que inicialmente apareceram para acordar o homem, começando com os homens de alto nível de consciência do Círculo Interno da Humanidade, mas depois de ter cumprido sua missão como religião se tornaram apenas ritualística sem nenhum objetivo de despertar o homem, servindo apenas para que ele fique igual aos seus e que proteja o líder religioso na continuidade de sua obra.
Se observarmos atentamente perceberemos alguns fragmentos de despertar em qualquer religião, mas que se desvirtuam até se tornarem fanatismo sem nenhum objetivo de consciência.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

CONFRONTAÇÃO


 


Quando um grupo de dispõe a acordar e com esse objetivo começa a se encontrar e a se esforçar para  auto observar-se, uma energia e também uma pressão começam a circular em cada um do grupo. Quanto mais determinado for o dirigente neste objetivo da auto observação, maior a pressão. Por este motivo é que deve haver um espaço de tempo entre uma e outra reunião. Não devemos confundir com mutirão, que é ajuda mútua para se erguer uma construção ou arrecadar fundos para uma obra. Neste caso, ao terminar o mutirão as pessoas se sentirão aliviadas e cansadas, estarão prontas para passear, dormir, se divertir, etc.
A confrontação é uma energia que vem dos grupos do Círculo Interno da Humanidade e tem até cor diferente pra quem pode ver (esverdeada, meio azulada) enquanto a outra é amarela, avermelhada.
Um grupo, ao se reunir por mais de 24 horas começará a sentir um silêncio interior e uma calma ao fazer qualquer tipo de serviço e a atenção sobre si começa ser facilitada. Neste caso, poderá ser exigido de cada um, um maior esforço de trabalho. Mesmo que durmam pouco,  um sono rápido e não profundo durante os momentos de descanso,  ao terminar tudo o sono do corpo físico será rápido e profundo.
O acúmulo de energia que gera um aumento de consciência de si quase não é percebido quando o grupo estiver junto, mas nos momentos em que cada um desse grupo sair e for para casa, verá uma diferença na rua,  o contraste chocante da vida comum com a de consciência de si continuará. Haverá uma sensação de tristeza, melancolia, até de frustração e o riso será substituído por lágrimas e a tagarelice por silêncio. A pessoa estará acordada para o mundo e vendo a realidade em que está vivendo. Por isso sentirá falta daqueles que querem acordar, e virá a tristeza.
Esse estado de consciência de si traz a confrontação entre estes dois mundos, vendo na intimidade de tudo que existe, o real valor daquilo que se tem fora de si, como a casa, carro, família, etc. Este é o grau máximo de sentimento que chamamos Confrontação. Um nível abaixo é a felicidade da lembrança do que foi feito e a espera de uma próxima vez. A pessoa sente que não pertence ao mundo, sai da distração e fica na expectativa da próxima vez. Enquanto a primeira sensação é de solidão, a segunda é de regozijo por ter uma oportunidade na vida.
Num grupo também pode existir um sentimento negativo que se manifesta em pequenos detalhes. Uma pessoa ao fazer algum tipo de serviço ou mesmo ao ver algum ato de outras começa a ficar incomodado. Algo dentro de si se acha diferente e a partir daí o desmoronamento do esforço que se fez até aquele dia. Gradativamente a pessoa vai achando uma desculpa para ir embora mais cedo, não vir, até ficar bem claro que ela é diferente do grupo. A força que circula no grupo já não lhe pertence, o mundo o chama, com as suas belezas e atrações normais do sono como: cinema, festas, sexo, shopping, risos, praia, filhos, liberdade de dormir, sem ninguém ver nem saber. A pessoa  não incomodará ninguém ao redor, nem será incomodada. Enfim, a maravilha de ser normal dentro do sono com aqueles que não querem acordar. Como diz no novo testamento “deixai os mortos enterrarem seus mortos”.
No momento em que uma pessoa se prepara para vir a uma reunião, esta decisão não foi tomada naquele instante. Existe algo dentro de nós (centro magnético) que já decidiu participar sempre. É uma força interior que se tem ou não se tem. É fácil em um grupo saber quem a possui ou não, pois existem pessoas num grupo que possuem uma fraqueza tão grande ou maior que a força do Trabalho. Ao olharmos para estas pessoas, nunca saberemos se elas virão na próxima vez ou não, pois poderá acontecer várias coisas que as impedirão de participar das reuniões e se formos ouvi-las, todas as coisas que as impediram de vir, são bem plausíveis e até impossível de contradizê-las. Quanto mais razoável é a uma pessoa faltar às reuniões, como saúde, trabalho, família, dinheiro, mais fácil de se entender que o destino dela não está ligado ao trabalho sobre si. Sua vida acontece, não está tendo a liberdade de fazer o que quer, mas sim o que a vida lhe impõe. Seu destino segue o destino comum, satisfeito com a vida e o que a vida lhe impõe é felicidade e sonho.
Não interessa o que um grupo esteja fazendo, o que tem importância é o objetivo de cada um na direção de querer acordar ou não, de querer ser visto e corrigido ou continuar como sempre foi, pois a mudança é certa para aqueles que querem mudar. O esforço é o mesmo, tanto para acordar como para viver bem com a vida, sendo a mesma energia a ser canalizada para aumentar a consciência ou para a felicidade de viver num lindo sonho, enquanto a morte não chegar.
Uma pessoa comum dedica horas, meses e até muitos anos de sua vida para ter um diploma e um serviço que lhe proporcione meios de satisfazer seus desejos sociais, como comida, viagens, crescer socialmente, financeiramente para ser respeitado por isso, etc.  E assim vai até envelhecer e perceber que tem poucos dias de vida. Mesmo assim, como já se acostumou com tudo isso,  espera a morte chegar ou num asilo ou com os netos e filhos que tem a obrigação de lhe visitar e tomar conta daquele fardo velho que no final da vida nada tem no interior, apenas bens materiais que toda a família está de olho. A vida toda foi acúmulo de ilusão e fantasia e culto à vaidade, em lembrança de festinhas de aniversário ou lembranças amargas de enterros e brigas familiares.
Pergunto: será que este é o destino de todos os homens? Se perguntem: será que estou sendo fraco e me deixando levar por esse destino? Morrerei como um velho num asilo ou lutando como um guerreiro?
Viemos para cá para aprender a encarar e ficar na eternidade. Se gastamos esta energia em baboseiras, o que colheremos será o que plantamos. Nós temos o direito de viver bem a vida, sem nos apegarmos a ela, ao mesmo tempo em que criamos aquilo que queremos ter e ser nesta imensidão incomensurável que existe e que temos o direito de ter como parte de nosso real destino.
O corpo físico existe para ser usado em bom proveito para criar ou fantasiar. Antes de deixarmos este invólucro, temos que fazer todo o possível para criar o que queremos, que é o veículo de nossa existência fora dessa realidade, que se tornará apenas uma lembrança diante da realidade daquilo que há de vir. Para isto temos que aceitar nossa limitação em compreender aquilo que vemos e temos, assim como aquilo que sentimos. Nossa limitação deve estar bem distante do que hoje somos.
A confrontação que sentimos aos nos separarmos do grupo e voltarmos a vida comum, é o que um guerreiro samurai sente ao voltar para sua casa depois de anos de batalha. Ele nasceu para batalha, sua espada não foi feita para ser objeto de arte e sim instrumento de sobrevivência. Num grupo, a espada é a atenção e a batalha é contra o sono e a distração, buscando sempre estar atento. Como o poeta Antonio Abel diz no seu livro Pensamentos II :

“O tolo nas épocas de paz, diverte-se.
O guerreiro nas épocas de paz, prepara-se”.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O QUE É ACORDAR II




No Trabalho de Gurdjieff quase não usamos o termo “acordar”, pois nosso objetivo é exatamente alcançar isso. Se por um acaso acharmos que estamos acordados, é um engano porque esta condição tem níveis diferenciados em cada situação de nossa vida. É fácil para uma pessoa que está a um bom tempo fazendo um trabalho de grupo entender o que digo, mas uma pessoa que nunca fez exercícios de Gurdjieff, ou que fez por pouco tempo, pode se enganar e achar que está acordada ou com o nível de consciência acima do estado de vigília.
Muitas pessoas que chegam ao grupo me dizem que já conhecem estes exercícios de sensação do corpo e que em muitas situações já fizeram e sentiram o que praticamos. O interessante é que no momento que estão falando comigo não estão fazendo nada para estarem presentes e mesmo numa situação de movimentos ou Mokussô, elas encontram grandes dificuldades em fazer os exercícios. Mas mesmo assim acham que estão fazendo e dizem que entenderam o que está se passando em apenas algumas reuniões. Estas mesmas pessoas após alguns meses ou anos, começam a perceber durante os exercícios que raramente estão presentes e sua atenção é limitada, restrita a pequenos afazeres e diante de si existem várias situações que não enxergam e nem fazem absolutamente nada que deveriam fazer em relação a atenção que deveriam ter em muitas ocasiões.
Mesmo sentindo o corpo e querendo estar com o máximo de atenção, existe uma limitação da própria pessoa, pois seu corpo de CS ainda está em formação. Isto acontece quando o grupo está reunido e todos tem esta finalidade: acordar e permanecer nesta condição de atenção. A todo momento vemos o esforço dentro do grupo e é difícil de se manter em um nível de atenção desejado. Agora pergunto: e quando estamos longe um do outro, junto de pessoas que dormem e acham que estão acordadas e que sabem o que fazer? Como fica a situação de alguém que está no trabalho?
É fácil de perceber o que acontece se pessoa procura estar presente, mesmo que parcialmente. Cada esforço que fazemos é somado para o acúmulo da consciência, que dia a dia pode aumentar até se tornar Consciência de Si.
Dentre os vários Eus que temos dentro de nós, cada um representa uma força e a soma deles produz o que somos na vida. Uma pessoa pode estar no Trabalho de Gurdjieff e se considerar firme, nada o abalará, seu objetivo é ser imortal, mas desconhece que existe a força dos Eus que não estão no trabalho e somente a própria pessoa tem capacidade de ver e saber de sua existência. Quando veem um pouco, fogem e procuram justificar seus gostos e até sua compreensão limitada.
Alguém pode estar no Trabalho de Gurdjieff porque ainda não apareceu algum tipo de tentação que o tire do trabalho. Pode ser algum emprego cuja remuneração é boa, mas o impedirá de participar das reuniões. Como também algum curso da área que a pessoa dê mais valor do que sua própria evolução. O seu C.G. (Centro de Gravidade) não é do trabalho sobre si e os Eus que estavam adormecidos, podem acordar de repente e ficar até furioso se alguém discordar.
Com essas pessoas devemos não tentar mostrar a ilusão em que estão metidas, mas nos afastarmos das ideias delas e observar de longe, sem tentar mudá-las.
Elas não são do Trabalho, estavam no Trabalho de Gurdjieff. Quando alguém dentro de si mesmo pode se considerar do Trabalho, é pelo simples motivo de ela descartar tudo em sua vida para a evolução. Seu centro magnético existe e o restante em sua vida está ao redor, começando com a família, serviços etc. O FDS não lhe atinge.
Uma pessoa pode passar alguns anos sem que apareça uma oportunidade tentadora, mas quando aparecer, ela não terá dúvidas, a sua vida é aquilo. Então, quando ela pede uma opinião a alguém, já está decidida a prosseguir em seu real objetivo, que acaba sendo outras três forças negativas que tiram a maioria das pessoas do Trabalho de Gurdjieff . Então o acordar passa a 2º plano e seu sono vira acolhedor e gostoso.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Nível de Ser e Grau de Evolução




De uma forma ou de outra, quando nós, que nos esforçamos para manter o estado de alerta, consciência de Si (CS), nos encontramos, algo se posiciona na observação de si (OS) e ficamos nos observando, assim como os companheiros ficam em posicionamento de alerta. Mesmo que fiquemos distraídos por algum tempo falando, rindo, brincando, algo fica por trás esperando alguma falha como distração. Nesta situação de um grupo se reunir,  por mais alerta que esteja,  sempre alguma falha acontece, alguma coisa se esquece: não se vê o momento de fazer algo, etc. Isto não significa que a pessoa esteja dormindo ou que seu nível seja inferior ao do seu companheiro que está vendo o outro distraído, pois logo em seguida esta situação pode trocar e quem estava bem alerta pode também se distrair.
Numa reunião existe facilidade em manter o estado de alerta. No trabalho manual já é mais difícil. Quando existe algum assunto que se gosta é outra dificuldade e entre amigos e familiares também. O ambiente no qual vivemos é o mais difícil de se manter alerta, principalmente se gostamos ou não gostamos. Todos estes momentos tem altos e baixos e nos nivelam num determinado grau de evolução. Isto funciona tanto para nós do Trabalho, como para pessoas que estão fora dele. A diferença está no fato de que as pessoas que desconhecem o trabalho interior consideram o que pensam e sabem como a verdade de sua vida e aqueles que estão no grupo de G. não aceitam o seu conhecimento, gosto ou desgosto como algo que lhe pertença.  Estão sabendo que tudo o que hoje lhe é maravilhoso, amanhã pode se tornar horrível e que esta mudança só é possível, através de uma observação constante durante a vida.
Os níveis de atenção possíveis variam também de acordo com a necessidade. Uma pessoa diante do perigo fica num nível superior a outra que está dentro do cinema vendo um filme. Enquanto o primeiro sabe que a sua vida depende de sua atenção, o outro nem sabe que está vivo, está completamente identificado com o filme, pipoca, etc. Em nosso caso, quando nos encontramos o estado de atenção que temos que manter é o mesmo de uma pessoa em perigo.
Podemos classificar desse modo:
Níveis

7-         Morte eminente, participação num desastre.
            Treino de movimento, momento de exercício coletivo. (STB)
6-         Susto, apreensão de perigo
            Exercício individual ou coletivo fora do comum . (TB)
5-         Atenção de caçador. Soldado policial, bandido ao executa algum ato sem perigo de vida.
             Ex. individual comum
4-         Barulho repentino, chamamento de atenção por algum acontecimento não comum. (Burracheira)
            Observação de Si
3-         Reconhecimento de alguém na rua, procura de alguma coisa perdida em público.
            Lembrança de si (sombreado)
2-         Estado de vigília comum, atenção numa aula, reuniões sociais ,  etc.
            Estado de vigília comum
1-      Estado de identificação completa. Briga, raiva, contrariedade, discussão. Plateias em geral (cinema,  shows, festas, reuniões familiares).
Sonolência e sono

A partir do nível 3 é que se inicia algo que podemos chamar de estar atento. E o T. de G. considera-se a partir no nível 4.  Todas as pessoas possuem durante a vida a oportunidade de armazenar energia para acordar e transformar o estado de vigília em força de consciência, a diferença está em as pessoas comuns logo após terem conseguido esta energia, jogarem- na fora, através das tensões musculares, raiva, locubrações e fantasias na cabeça, voltando a estaca zero como sempre estiveram.
Se o ápice da atenção é 10, também é o controle sobre as emoções e movimentos seendo o mais baixo nível alcançando o mesmo número para baixo, isto quer dizer: total descontrole das atitudes, também conhecido como desvario ou loucura momentânea. Uma pessoa que possui um centro magnético e um tempo de trabalho não chega a este ponto, somente ao superior, e toda a pessoa que for de um grupo e chegar a este ponto, todo o seu esforço, que podem ser anos de trabalho, foram inúteis, para nada serviram. Uma pessoa dessa está se enganando e tentando enganar os companheiros.
O nível que uma pessoa possui é visto nos momentos de dificuldade e decisão na vida, com outras pessoas e coisas. As dificuldades nem sempre são fáceis de se notar: para algumas pessoas são as dificuldades emocionais pelos motivos diversos, outros a falsa moralidade, mas todas tem algo em comum que é a direção que suas vidas segue em direção contrária a da evolução do ser e o aumento da consciência.
Em nosso T. a acomodação é a estagnação dos esforços, por isso o rumo dos exercícios e esforços sempre são mudados para termos a chance de conhecer vários aspectos de nossa máquina psicológica e física.
Ao mesmo tempo em que uma pessoa fala e faz tudo num determinado momento, nós não estamos vendo quando seus reais valores da vida estão em jogo, nem poderemos saber quais são seus verdadeiros valores, pois é aí que situa-se seu nível de ser e sabemos que pode estar situado no FDS que não tem nada haver com a evolução do T. de G.
Existem dentro de nós esses valores e eles não precisam se apresentar para mostrar sua força, muitas vezes aparecem apenas alguns instantes e é o suficiente para mudar todo o rumo de anos de esforço que a pessoa fez com o T. de G. Mas na verdade este esforço foi apenas superficial, por trás o FDS comandava tudo.
Igual a um animal dormindo no escuro, quieto e bonzinho mas, se despertar, pode nos devorar e fugir de nós, como também pode ser um companheiro que nos ajudará a despertar. Se este dormir não significa que a pessoa não esteja no T de G. e aquele que despertar também não significa que ficará acordado. Pode ser que por uns pequenos segundos ele reconheceu sua própria situação e qual era seu nível e acima de tudo o que ele valoriza na vida. Se quer ou não evoluir com nossos trabalhos ou continuar na vida que sempre teve, a qual não consideramos como evolutiva linear, mas geral.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

MENTIRAS




Normalmente conhecemos como mentira algo que uma pessoa fala e que não é real ou que não está acontecendo. No Trabalho de Gurdjieff a mentira significa dormir, pois a pessoa não sabe nem conhece sua situação interior em relação a situação exterior.
Quando falamos que vamos fazer algo e não contamos com as dificuldades, não sabemos o que está acontecendo, nem o que vai acontecer. Com a observação de si contínua começamos não somente a perceber o que acontece com nosso interior, mas o que vai acontecer por nossa ação. Para um homem saber seu futuro tem que conhecer seu presente; reconhecer que não tem certas capacidades e se preparar para tê-las um dia.
Existe atuação e mentira. Vamos dizer que uma pessoa esteja insistindo para que participemos de uma festa, mas no nosso interior sabemos que não vamos. Podemos falar o que a pessoa quer escutar, pois uma pessoa dormindo não percebe entre o real e o ilusório. Tanto faz você ir como não ir, é a mesma coisa.
O contrário também pode acontecer: a pessoa pensa que pode ir e não conta com todos os acontecimentos que podem impedir sua ida à festa. Uma pessoa comum, quando depara-se com algo contrário, simplesmente deixa de fazer o que se propôs a executar. Se por um acaso ela se observar vai perceber seu erro e notar que aquilo que diz não é o que faz e que ela tanto engana externamente o outro como mente para si mesma. É um joguete da vida, tudo lhe acontece, nada é como ela pensa e as coisas vão se sucedendo fora de seu controle. 
Se uma pessoa do Trabalho de Gurdjieff se decidir a cumprir o que falou, custe o que custar, algo dentro de si irá se fortalecer. Sua palavra estará em equilíbrio, significando que seu CI (o que pensou), seu CE (o que sentiu) e seu CM (o que fez) estão agindo em harmonia. Este homem é equilibrado e terá em sua vida um pouco mais de Consciência de si do que outro homem que fala o que não é real. 
Isto também estará ligado ao seu CE com sentimentos que pensa ter e não tem. Digamos que uma pessoa goste de um filho, ou um grupo venere uma pessoa que lhe ensina algo ou uma pessoa se diga amiga da outra. Enquanto estas pessoas estiverem recebendo o que esperam, tudo correrá normalmente. No momento que surgir algo contrário ao que se espera, haverá mil motivos para essas pessoas deixarem de prosseguir naquilo que fantasiavam sobre a realidade de suas próprias vidas. Estas pessoas estavam se enganando sobre a realidade em que viviam.
É o caso de um homem achar que corre tanto quanto um cavalo (fantasia) e inicia ao lado do cavalo uma disparada. Em seguida começa a ficar para trás e cada vez mais aumenta a distância. Somente acompanhará o corcel, um outro corcel, e o resto é fantasia.
Em muitas situações devemos não somente observar o momento do acontecimento de algo sentindo o corpo como também os pensamentos de nossa cabeça quando começamos a justificar algo que não tivemos capacidade de fazer. Como não enxergamos nossas limitações, quando justificamos é uma fraqueza.
Isto não somente está ligado ao falar, sentir, como também, por nossos gostos pessoais. Uma pessoa gosta de um tipo de roupa e sempre a utiliza e quando precisa mudá-la acha dificuldade com muitas justificativas que a sua cabeça acredita serem verdadeiras e continuará a ser assim por um longo tempo. Para esta pessoa ver o que está acontecendo, terá que sacrificar seus gostos pessoais para poder se observar, mas somente se conseguir se livrar desse sonho do “gosto assim”, “quero assim”, “é meu jeito, sou assim” a justificativa do sono Assim.
Sempre que algo dentro de nós justifica com “Eu faço assim” é porque algo deve ser corrigido por meio de uma observação mais imparcial sobre a própria situação. A liberdade de uma pessoa é fazer o melhor para si para se manter acordada ou evitar que durma e na maioria dos casos é necessário duvidar de sua razão e começar a observar seus próprios gostos e atitudes. Se num determinado momento você precisa se passar por caipira, você deve ser o mais perfeito caipira e quando você tiver necessidade de passar por um grande intelectual, você deve ter esta capacidade. Somente nesta situação você estará livre das identificações de sua própria prisão de costumes adquiridos durante sua vida.
A observação de si é uma forma de se adquirir consciência sem interferir naquilo que se vê, mas também não aceitá-lo como algo definitivo.
O que hoje somos pode amanhã não ser nada do que fomos e até mesmo nem haver lembranças dos nossos gostos e costumes de outrora. Mas essa mudança não é radical nem intelectual, é adquirida através de uma observação de si constante, sem defesa de nossas mecanicidades do momento.


domingo, 7 de setembro de 2014

O QUE É ACORDAR?


No Trabalho de Gurdjieff quase não usamos o termo “Acordar”, pois o nosso objetivo é exatamente alcançar isto e se por um acaso, acharmos que estamos acordados, é um engano, pois esta condição tem níveis diferentes em cada situação de nossa vida. É fácil para uma pessoa que esteja a um bom tempo fazendo um trabalho de grupo entender o que digo, mas uma pessoa que  nunca fez exercícios de Gurdjieff ou que fez por pouco tempo pode se enganar e achar que está acordada ou com nível de consciência acima do estado de vigília.
Muitas pessoa que chegam ao grupo me dizem que já conhecem estes exercícios de sensação do corpo e que em muitas situações já fizeram e sentiram o que praticamos. O interessante é que no momento que estão falando comigo, não estão fazendo nada para estarem presentes, e mesmo numa situação de movimentos ou Mokuso, elas encontram grandes dificuldades em fazer os exercícios. Mas mesmo assim acham que estão fazendo e dizem que entenderam o que está se passando em apenas algumas reuniões. 
Estas mesmas pessoas, após alguns meses ou anos começam a perceber durante os exercícios que raramente estão presentes e sua atenção é limitada, restrita a pequenos afazeres e que diante de si existem várias situações que elas não enxergam e nem fazem absolutamente nada que deveriam fazer em relação a atenção que deveriam ter em muitas ocasiões. Mesmo sentindo o corpo e querendo estar com o máximo de atenção, existe uma limitação da própria pessoa, pois seu corpo de CS ainda está em formação. 
Isto é mais evidente quando o grupo está reunido e todos tem a finalidade de acordar e permanecer nesta condição de atenção. A todo momento vemos que o esforço dentro do grupo é difícil de se manter em um nível desejado. Agora pergunto: E quando estamos longe um do outro, junto de pessoas que dormem e acham que estão acordadas e que acham que sabem o que fazer, como fica a situação de alguém que está no trabalho? É fácil de se perceber que a pessoa procura estar presente, mesmo que parcialmente. E cada esforço que fazemos é uma soma para o acúmulo da consciência que dia a dia pode aumentar, até se tornar Consciência de Si.
Dentre os vários  Eus  que temos dentro de nós cada eu representa uma força e a soma deles produz o que somos na vida. Uma pessoa que está no trabalho de Gurdjieff e se considera firme, que nada o abalará, que seu objetivo é ser imortal etc. desconhece que existem  a  força dos Eus que não estão no trabalho. Somente a própria pessoa tem capacidade de ver e saber de sua existência, mas quando vê um pouco foge e procura justificar seus gostos e até sua compreensão limitada.
Alguém está no Trabalho de Gurdjieff porque ainda não apareceu algum tipo de tentação que o tire do trabalho. Pode ser algum emprego cuja remuneração é boa mas o impedirá de participar das reuniões. Como também algum curso da área que a pessoa dê mais valor do que sua própria evolução. O seu C.G. não é do trabalho sobre si e os Eus que estavam adormecidos, podem acordar de repente e ficar até furioso se alguém discordar. Com essas pessoas devemos não tentar mostrar a ilusão em que estão metidas, mas nos afastarmos das ideias delas e observar de longe, sem tentar mudá-las.
Elas não são do trabalho, estavam no Trabalho de Gurdjieff. Quando alguém dentro de si mesmo pode se considerar do trabalho, é pelo simples motivo de que descartaria tudo em sua vida para a evolução. Seu centro magnético existe e o restante em sua vida está ao redor, começando com a família, serviços etc, o FDS não lhe atinge.
Uma pessoa pode passar alguns anos sem que apareça uma oportunidade tentadora, mas quando aparece ela não tem dúvidas, sua vida é aquilo. Então, quando pede opinião a alguém, já está decidida a prosseguir em seu real objetivo que acaba sendo outras três forças negativas que retiram a maioria das pessoas do Trabalho de Gurdjieff. O acordar passa a 2º plano e seu sono vira acolhedor e gostoso.



segunda-feira, 7 de julho de 2014

Pensamento e Sentimento

O homem é como uma máquina que possui três cérebros. Ele se engana quando julga a si mesmo com base naquilo que pensa ou sente, pois estes raramente acontecem. Normalmente, dentro da  cabeça do homem, existe 80% de fantasia e 20% de distração, e quando lhe é solicitado um pensamento, ele se atrapalha e não sabe o que fazer, dando uma desculpa. Vamos dar um exemplo: uma pessoa está esperando um ônibus no ponto. Dentro de sua cabeça ele está fantasiando o que vai fazer quando chegar no serviço, pois nada daquilo realmente vai acontecer. As circunstâncias vão acontecendo e dentro de suas próprias fantasias ele vai agindo de acordo com as consequências de fatores externos que o conduzem a cumprimentar pessoas, sentar no seu serviço, comer,  até voltar para casa, sem necessidade nenhuma de esforço do centro intelectual e muito menos do emocional. Não querendo dizer que estes centros não estão funcionando. Eles estão, mas de forma completamente mecânica e sem objetivos conscientes. Ao se lembrar que tem que pegar uma caneta para escrever, simplesmente levanta e vai pegar, e se encontrar um amigo no caminho, sorrirá e passará por ele sem nenhuma atenção, não há necessidade disso. Se ele passar por uma pessoa que não goste, fingirá que não a vê, e dentro de seus sentimentos tudo mecanicamente continua acontecendo, e assim a vida vai passando.
Nós temos que nos observar para perceber que os nossos sentimentos existem por si, não dependem de nada em nosso interior para a sua existência, mas para termos possibilidade de um dia ter um sentimento superior (amor), temos que primeiro nos observar e saber que tanto nossas fantasias na cabeça quanto os nossos sentimentos no corpo não dependem de nossa vontade e sim dos acontecimentos externos que podem ser mudados por qualquer fator simples. Num momento gostamos de uma pessoa e no momento seguinte podemos passar a odiá-la. Esses sentimentos são puramente mecânicos e de um nível baixo de hidrogênio.
Fomos feitos para usar os hidrogênios superiores porém o sentimento, por ser mais antigo, nos domina em situações de raiva e fantasias sentimentais, pois confundimos o desejo de ter com o gostar. Quando sentimos apego por um filho, neto ou parente, não devemos esquecer que este tipo de sentimento é de hidrogênios inferiores e pode ser mudado a qualquer momento. Observando o comportamento das pessoas, veremos que os sentimentos mudam de acordo com os eus, mas algo se conserva prendendo as pessoas em laços de sofrimento por fantasiarem que são obrigadas a gostar desta ou daquela pessoa, esquecendo que existem outras milhares de pessoas que podem entrar em contato conosco e termos exatamente o mesmo sentimento, não querendo dizer com isso que gostamos mais desta ou daquela e sim que temos um tipo de sentimento dentro de nós.
Ao fazermos carinho em alguém, devemos simplesmente sentir, sem fantasiar, apenas observar e ver a satisfação daquele ato ou não, sem nenhuma exigência. A partir daí o relacionamento entre duas ou mais pessoas pode aumentar de nível pois não dependerá de fatores externos para sua existência e sim de uma condição de compreensão que é o nível de consciência. Quanto mais alto for o nível de consciência, menos emoções negativas se manifestarão em sua vida. 
Uma pessoa pode receber um tipo de influência no centro intelectual através de vozes de eus e não manifestá-la, fingir que ela não existe. Se isso não for observado jamais mudará. Nós devemos em nosso trabalho, separar o que nós sentimos daquilo que entendemos, pois procurar uma explicação para um sentimento não é possível, porque um centro não fala a mesma linguagem do outro. Vamos dizer que em nossa cabeça achamos que uma pessoa é nossa amiga pois, a muitos anos que a conhecemos e se criou uma história em torno daquele relacionamento. Isto não significa que temos um sentimento superior em relação a uma outra pessoa que conhecemos a poucos dias, pois o sentimento é muito complexo em seu funcionamento, e não depende somente de uma observação.
Há três fatores iniciais no sentimento:

·        DESTINO: este é um relacionamento anterior ao próprio nascimento, é como uma recordação de um passado que não sabemos qual foi, mas que existe e isso nem sempre é recíproco. Quando acontece de ser recíproco é por que há necessidade de continuidade de sentimentos independente das pessoas. Exatamente igual quando existe um sentimento de animosidade. A animosidade são fatos que aconteceram muito antes do nascimento, podendo ser até três a quatro encarnações anteriores. Por esse motivo devemos combatê-la ferozmente para encerrar esta etapa da evolução. Este é um dos motivos pelos quais Jesus disse : “Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Pois até os pecadores amam os que os amam. Se fizerdes o bem a quem faz-lhe o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isto. E se emprestais àqueles de quem esperas receber, qual é a tua recompensa ? Amai porém os vossos inimigos.”
·        NORMALIDADE: Normalmente, nós temos um sentimento de desconfiança para com a maioria das pessoas. Ao conhecê-las ficamos com o pé atrás, esperando algo de mal, até que a pessoa prove o contrário, se apresentando dentro daqueles esquemas que chamamos de bom amigo, que nada mais é do que a exigência de que a pessoa fique na linha para ter nossa amizade, o que é falso e interesseiro, num nível baixo de sentimento. Esse tipo de sentimento é comum a qualquer homem normal na consciência de sono desperto. Na verdade, quando se tem uma “boa amizade” ao longo do tempo, significa que a pessoa possui os mesmos defeitos da outra e que os admira e os conserva como se fossem boas atitudes. Tem pessoas que por ter um sentimento irascível, também conhecidas como rabugentas, acabam na velhice levando um cachorrinho para a praia, pois é o único ser vivo que consegue aguentá-las, pois somente fica agradando, obedecendo e esperando carinho na hora que ela quer dar. O cachorro é um animal dos mais puxa sacos que existem na natureza, e quem gosta de cachorro gosta de ter o saco puxado, pois mesmo apanhando vem com o rabo entre as pernas pedindo mais carinho. Normalmente todos gostariam que os amigos fossem assim. Nós que estamos trabalhando para o conhecimento desta máquina em relação ao tipo de sentimento que temos devemos tomar muito cuidado, pois raramente temos algum tipo de sentimento superior. Devemos portanto, imparcialmente, observar este sentimento que sai de uma mesma fonte e um mesmo tipo de hidrogênio, tanto o que sentimos em relação aos parentes próximos até os que discordam de nossa atitude, como patrões, vizinhos e etc. A maioria dos nossos sentimentos é baseada no sentimento mesquinho de ficar tudo bem. Um empregado bem pago, mesmo sendo mal tratado não se queixa de seu patrão, mas sabe que não gosta dele e ao fingir está dormindo pois tudo está acontecendo como se fosse chuva ou vento. Ao sentirmos uma atração, um desejo de querer agradar alguém não devemos impedir, mas sentir o corpo, olhar a pessoa e pensar: por quê sinto isso somente por essa pessoa, por quê por esse outro não sinto o mesmo, e ao abraçar o outro, devemos também procurar fazer a mesma pergunta. O toque físico é uma maneira eficaz de um equilíbrio sentimental, por esse motivo, casais que possuem algum relacionamento íntimo e ainda assim não possuem algo de sentimento mais elevado estão se masturbando com o corpo do outro e não sentindo o corpo do companheiro ou da companheira. Se cada vez que damos a mão a uma pessoa ou um abraço, dermos uma parada interior e sentirmos o nosso corpo, passaremos a sentir o corpo da pessoa também. Por esse motivo há sempre um toque leve de preocupação quando pessoas de polos contrários se abraçam, pois as pessoas não procuram entender este tipo puro de sentimento, podendo até se tornar ofensivo ou obrigatório nos casos comuns.
Fruto de um esforço pessoal na direção da consciência, é o HOMEM LADINO, que tanto pega a cobra pelo rabo como a pomba pelo pescoço, e triturará os dois quando for necessário sem deixar a pomba voar ou a cobra picar. Isto que dizer que: se eu souber que alguém não gosta de dar carona eu não vou pedir carona, se eu souber que alguém gosta de fazer comida gostosa, eu peço para alguém fazer comida gostosa. Não devemos exigir, com sentimento de nível baixo, que as pessoas sejam iguais as melhores partes que nós temos.
No trabalho, aquilo que falamos devemos sentir e seguir, pois um dia nossa palavra estará dentro de uma força que o que dissermos poderá acontecer. Portanto, devemos treinar e observar, para ao falarmos, seguirmos o que foi dito, pois este também é um nível de consciência que o homem do trabalho deve alcançar, conhecido na vida comum como homem de palavra, mesmo que para este fim precisemos sacrificar até nossa própria vida. 
Ao verificarmos que a mecanicidade da vida vem sorrateiramente, disfarçadamente nos atingindo, devemos combatê-la, contrariá-la para que os eus do trabalho se fortaleçam, ou para sermos capazes de  diferenciar uma real necessidade de um ato mecânico. Como raramente pensamos, os frutos das vozes de nossa cabeça são acúmulos de pequenos sentimentos errados que constroem as personalidades diversas de nossos eus, e que nos retiram as possibilidades de um real sentimento. Sempre dizemos: gosto assim, sou assim, acho melhor assim, tudo isso não é fruto da consciência pois como nós sabemos, a consciência é sempre de um nível de compreensão que não gera dúvidas, nem contrariedades nas decisões que devemos tomar em nossa vida. Sempre é boa.