sábado, 2 de novembro de 2013

A CONSCIÊNCIA E AS LEMBRANÇAS



 
O estado normal de consciência do homem comum é Sono Desperto (SD) ou Consciência de Si (C.S.). Quando deita e dorme, tem sono com sonhos e sono sem sonhos. É difícil a lembrança entre um estado e outro, ao estarmos sob vigília, os estados possíveis de consciência são: sono desperto (SD) e consciência de si (CS), não evidencia o esquecimento que temos de nós mesmos e de nossa situação. É diferente de estarmos em vigília Sono Desperto e lembrarmos dos momentos passados a pouco tempo. Normalmente, a pessoa quando acorda do sono, tem uma vaga lembrança do se passou e logicamente, nada do que ocorreu em torno de seu corpo físico, pois, os sentidos para descansarem ou recarregarem, deixam de funcionar, isto é, de levar os dados recolhidos do exterior para o interior do homem, possibilitando-o entrar no mundo dos sonhos, com a sua consciência habitual, de distração e esquecimento.
Digo o seguinte, se há algo imortal dentro do homem, que ele próprio tenta despertar ou criar, este algo é a consciência e a sua vida  é o tempo de duração que ele tem normalmente em qualquer situação ou corpo. Em outras palavras, aquilo que considero de valor é a consciência que tenho por mínimo que atue em minha vida. Para ela funcionar há a necessidade de um corpo exatamente igual a quando estamos no estado de consciência de Sono Desperto no corpo físico. O sono é possível porque possuímos algo dentro de nós que possibilita termos esta consciência. Ao criarmos um segundo corpo, que chamo no momento de "MENTAL", nós temos a chance de despertarmos no mundo do sonho, ou aqui neste mundo. Pergunto, então, o que fazer para se criar este corpo "MENTAL": 
Estarmos sempre atentos e para isso há a necessidade de quatro bases iniciais:
  1. Sentir o corpo ou parte dele,
  2. Observar dentro de si as vozes interiores.
  3. Assistir os acontecimentos externos do nosso quotidiano como se assiste à um filme, isto é, sem se identificar, deixar o corpo fazer parte do palco e assistir as cenas como se estivessem sempre no passado.
  4. Estar atento para as emoções, desde a mais  manifestação de desejos até a explosões de emoção que considero uma grande perda de energia na vida.

Não devemos esquecer que quando falo de quatro bases, elas são apenas o princípio de um treino ininterrupto na direção da consciência de si. O mesmo tempo de duração que a pessoa tem aqui nesta situação de Sono Desperto, tem também no Mundo dos Sonhos.  Não vou escrever aqui as idéias do Trabalho, nem nenhuma experiência que não experimentei até a data de hoje. A minha existência é aquilo que me lembro dos momentos de consciência relativa ou não, não vem ao caso. Ao sonhar estou num mundo irreal nos parâmetros da minha compreensão, isto é, da minha consciência obtusa daquele mundo. Aceitando os acontecimentos como se eles fossem reais, exatamente, igual aos momentos de Sono Desperto, aceitando tudo como realidade e não enxergando a verdadeira realidade que muda junto com a minha consciência de Sono Desperto para a de Consciência de Si ou para a Consciência Absoluta, nas raras ocasiões que tenho.
Ao me despertar lá no mundo dos sonhos tudo se torna mais nítido, as cores mais vivas, os sons perfeitos e sei que estou com outro corpo em outro lugar. A compreensão não aumenta, o que aumenta é a percepção, e ao mesmo tempo  perdemos a noção de tempo entre o estado de Sono Desperto e Consciência de Si no mundo dos sonhos. Por exemplo, lembro que tenho filhos, amigos, etc. mas não tenho a mínima idéia de quanto tempo fiquei dormindo entre a última vez que deitei na cama e o momento de Consciência de Si no mundo dos sonhos, pode ser duas noites, dois anos, vinte anos. O parâmetro da lembrança do tempo deixa de existir. Só tem "o aqui e o agora" com a lembrança do que se passou na vida de Sono Desperto. Isto, inicialmente, me causava uma tremenda angústia, chegando ao desespero, pois eu pensava que não iria voltar.
Quando acordo no Mundo dos sonhos tenho um desejo enorme de permanecer lá o maior tempo possível, sem me importar se meu corpo físico está morto ou vivo, se me esperam ou não, se vou voltar ou se vou ficar, enfim, procuro vivenciar o melhor possível aquele momento que aos poucos vai se diluindo e vira apenas sonhos ou acordo para a vida quotidiana de Sono Desperto. O mesmo acontece quando me dou conta de estar fora do corpo aqui neste mundo físico, o tempo também é obscuro e a visão das coisas não são nítidas, são um pouco embaçadas, tenho que fazer um esforço para voar e me deslocar no espaço ou para me situar.Como foi o caso de uma vez que eu estava dentro de um ônibus e de repente, notei algo de estranho, parecia que faltava algo, como se eu tivesse esquecido de algo. Aí, percebi que não tinha um corpo de sensação, como quando estou dentro do corpo físico. Existia a realidade, eu percebia e estava aqui, sem a sensação do corpo, apenas da minha cabeça, emoção, audição estranha e existência do momento.
(2000)

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