sábado, 31 de agosto de 2013

OS MOVIMENTOS




Nós sentimos os movimentos como alguém que esteja nadando dentro de um rio. De acordo como se mover, poderá ser útil, ou se manterá na superfície. A pessoa pode também querer nadar por baixo da superfície, e ir nalguma direção. As duas maneiras de nadar são controláveis e objetivas. Porém, existe outra maneira de ficar dentro d’água, que é se debater e se afogar, gastando energia inutilmente, e não conseguindo nenhum objetivo devido não colocarmos atenção em nossos movimentos, salvo em caso de praticar alguns esportes como Karate, Judo, Ginástica Olímpica...
O homem vive pelos movimentos, mas não sabe utilizá-los. Gasta energia inutilmente durante seu dia, sem nada conseguir de concreto para sua consciência. Quando fazemos qualquer movimento, estamos lidando com energia não somente muscular, mas outros tipos de energia que existem dentro e fora de nós. Se repetirmos constantemente um movimento, passamos a fazê-lo com uma parte de nosso ser ou centro. Se fizermos automaticamente, sem necessidade de atenção, podemos utilizar outros centros e outras energias que nos circulam. Se por um acaso estivermos distraídos, sem objetivos, tudo se perde. Tanto o movimento como a energia que o geram.
Os movimentos de Gurdjieff têm como objetivo uma forma de concentração de energia no corpo para usá-lo como consciência e força. No exato momento que nos esforçamos para executar os movimentos, os centros trabalhando em conjunto proporcionam os meios de se elevar o nível comum de sono desperto para consciência de si e além disso. E com o acúmulo desses movimentos, ou melhor, com sua repetição constante. com uma atenção dirigida, se alcança estados incomuns de consciência e sensações novas para o corpo. Esta influência nos centros por meio de movimentos, é como se uma bateria descarregada se recarregasse para funcionar com sua carga normal.
Ao se fazer um dos exercícios de movimentos de Gurdjieff, o grupo se posiciona acima dos movimentos comuns (mecânicos). As forças que existem em cada indivíduo passam a se transformar em consciência de si, através da atenção que é exigida das pessoas. Ao observarmos nossos movimentos, podemos notar que um determinado tipo de sentimento traz consigo o mesmo tipo de movimento e postura de nosso corpo: numa preocupação, colocamos a mão no queixo; numa dúvida ou problema a ser pensado, olhamos para cima; se sentimos que estamos errados, olhamos para baixo... e com estes movimento vem as contrações musculares correspondentes nos ombros, nádegas, abdômen, mandíbula, e outras partes do corpo. Toda essa energia foi jogada fora, sem nenhuma utilidade prática.
Se observarmos tanto em nós como nos outros, veremos que a maioria das posturas são acidentais e sem objetivo. Por isso devemos a todo o momento, ter nossa atenção nestes movimentos.
(2000)

sábado, 24 de agosto de 2013

EXERCÍCIOS DE GURDJIEFF



As religiões comuns que atualmente conhecemos, tem seus preceitos, dogmas e rituais que na maioria dos casos, se perderam há muito tempo. Antes da idade média 1.600. Muito daquilo que vemos, não tem nada de tradição. Foi tudo inventado de acordo com a pessoa que mandava na época, ou ainda manda. Vendo assim, no plano comum, do conhecimento normal, pode-se dizer então que está tudo errado para as pessoas religiosas que seguem as religiões comuns. Mas não é bem assim.
Nós de Gurdjieff, falamos que o homem normal está dormindo. E com isso, tudo em sua vida acontece. Ele não faz o que quer, nem sabe o que faz. Mas a sua fantasia acha que tem livre-arbítrio para acertar e errar. Mas é um engano. Quando ele faz uma coisa que acha correto, pode estar errado para sua própria evolução e também contribuir para atrasar a evolução de outras pessoas. Podemos citar a educação das crianças modernas: os pais acham que o sistema antigo era cruel e duro e que o moderno é eficaz e brando, sendo melhor para a criança ver TV, Videogame, filmes e etc... Tudo isso leva a sociedade a cada vez ficar mais fraca e dependente. Tudo leva as pessoas a dormirem mais e se enfraquecerem para um despertar.
Vamos agora ver de um outro nível. Se o homem não sabe o que faz, os acontecimentos são dirigidos por quem? Qual é a razão dessa mecanicidade toda? Quando alguém inventa algo, digamos, funda uma religião para arrecadar dinheiro, dentro desse movimento existem forças que dirigem o destino daquelas pessoas, sem que elas percebam nada e elas servem às forças que são reais. Se alguém ali dentro souber usá-las poderá se despertar, evoluir e seguir seu próprio caminho e não o do grupo. Para isso a pessoa, acima de tudo, tem que querer acordar e achar alguém com a mesma meta na vida. A energia do despertar é maior quando mais pessoas estiverem dormindo. É como se estivéssemos em uma festa e todos estivessem para nos servir, as comidas, bebidas e ninguém comesse nada, apenas olhasse sem sentir vontade de se satisfazer. 
O homem pode ter qualquer intenção, boa ou má, de acordo como ponto de vista de seu próprio grupo. A sua consciência não mudará e ele permanecerá o mesmo enquanto não conhecer como funciona seu mecanismo interior. Um ladrão assassino e um trabalhador religioso podem estar no mesmo nível de sono, servindo a vida comum dentro de uma mesma sociedade. Para os conceitos sociais, há diferenças entre esses dois homens, mas para o despertar eles são iguais. Qualquer um deles, não está fazendo o que quer, são induzidos pelas circunstâncias para serem o que são. São folhas ao vento do destino. Os dois vivem dormindo e podem morrer dormindo, servindo forças que não lhe ajudarão em nada para o aumento do seu nível evolutivo.
Se aceitarmos que DEUS é luz, quanto mais consciência, mais perto dele estaremos e mais longe da sombra ficaremos em nossa vida. Para adquirir um nível diferente de consciência, não é através de atitudes externas que determinaremos nossa meta ao despertar. É necessário um trabalho sobre si, com esforço contínuo de auto-observação. 
Deve-se tomar cuidado com o auto-conhecimento, pois o homem no nível de sono desperto, não tem capacidade de conhecer a si mesmo. Ele pode até achar que se conhece, mas é um grande engano. O homem apenas se lembra vagamente do que ele é, seus costumes, defeitos, gostos... Não é a atitude nem o gosto das pessoas que mostram o seu nível de evolução, tudo isso pode pertencer a sua mecanicidade e seu nível evolutivo pode ser dos mais baixos apesar de seu costume ser aprovado e admirado pela sociedade comum dos homens.
Para saber quem está desperto, ponha dez pessoas dormindo dentro de um quarto, todas sonhando. Ninguém acordará ninguém; enquanto um tiver sonhos belos, outro tem pesadelos e todos em seus próprios sonhos continuarão a dormir até a casa cair, então despertarão. Mas será tarde para escaparem do desastre iniciado. Contudo, se um deles despertar e olhar que a casa pode desmoronar ele acordará seus companheiros e poderá salvar a todos do desastre final. (Agosto/2000)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Missa em homenagem ao Kyoshi

Atenção companheiros de combate!

A Missa de 1 mês de falecimento do nosso querido Kyoshi Benedito Nelson será no dia
3 de Setembro às 18:00 horas, na Catedral de Porto Velho.
 
OSS!

domingo, 18 de agosto de 2013

SER ÚTIL



                       http://3.bp.blogspot.com/-xHx3qeR9sw4/TjAdi9LdhAI/AAAAAAAAAGw/O48DM4osodg/s400/trabalho_em_equipe.jpg


Um grupo há três formas de ser útil, para que o grupo exista e permaneça por um tempo desejável até alcançar a sua meta.
Primeiro as pessoas do grupo devem ser úteis a si mesmas. Aceitar que a sua atual condição não é boa, nem desejável, que a maneira que está vivendo pode mudar. Em outras palavras que seu nível de consciência pode melhorar. Se alguém entra no grupo de Trabalho de Gurdjieff e acha que o que sabe é certo ou suficiente não está querendo mudar nada em si. A sua condição interior está satisfeita. Caso contrário, se a pessoa acha que nada sabe a respeito de si próprio, que não está satisfeito com suas distrações, tensões, nervosismos, ideias pessoais, etc... e que tudo isso pode mudar, então essa pessoa pode ter chance de trabalhar sobre si mesmo. Esta pessoa é útil tanto para o grupo como para a vida comum. Nessa situação os exercícios que se passam para ela são executados e seu interesse pode ser observado pelo esforço que esta pessoa faz sobre si mesma.
A segunda forma de utilidade no Trabalho é uma utilidade que a pessoa pode ter para o dirigente do grupo. A pessoa pode não fazer um esforço para se mudar, mas faz tudo para que o grupo continue a existir e para isso serve ao dirigente que é responsável pelo grupo. O trabalho dessa pessoa com o tempo passará a ser para si mesmo, pois ela passou a trabalhar na segunda linha de trabalho, que é para os outros , antes de trabalhar para si mesmo.
O terceiro tipo de pessoa não é útil para o grupo, mas inicialmente pode até parecer útil e dedicada, mas na realidade a pessoa somente quer algo da vida material e nada de mudança interior, a mudança que a pessoa procura é externa, aparente, e quando ela alcança o que quer, um carro, casamento, namorado, dinheiro, deixa de pertencer ao grupo. Como somos vários eus em diversas situações , devemos sempre observar qual é o direcionamento que damos a nossa conduta interna para uma mudança em nossa consciência.Todos devem fazer algo para que o grupo exista. Cada tarefa deve ser executada, não por obrigação ou dever como é feito na vida fora do trabalho de Gurdjieff . 
Digamos que uma pessoa tenha sido designada para datilografar um texto e outra para distribuir esses textos depois de datilografados. Na vida comum o texto somente será distribuído se o datilógrafo fizer primeiro. Aqui no nosso grupo não deve fazer isso. Se o datilógrafo não fizer sua função, aquele que terá que distribuir, terá que ver e fazer o trabalho do outro, pois ele não está trabalhando para o outro e sim para si mesmo e para o grupo. Pode ainda haver outras situações. A pessoa designada para datilografar não faz nada, a que tem que distribuir fica esperando e também não faz nada. Uma terceira olha e fala mal dizendo que nenhum deles quer nada com suas obrigações e o quarto que nada tem a ver com isso pega, datilografa e distribui. Este está no Trabalho, os outros três são apenas comuns e não percebem a meta do grupo e nem o seu próprio objetivo no Trabalho. Uma outra coisa também pode acontecer, nenhuma pessoa do grupo se interessa pelo que o dirigente do grupo determinou a fazer. O dirigente então pode datilografar, distribuir e etc...Isto quer dizer que o nível do grupo é baixo, são iniciantes e nem estão na primeira linha de trabalho que é sobre si mesmo.
Fora do Trabalho os dirigentes tem que exigir que seus subordinados façam seus gostos para que ele alcance seu objetivo e sua meta. Aqui entre nós é totalmente diferente. Os objetivos de cada participante deve ajudar o dirigente a alcançar a sua própria meta, que deve ser evoluir, acordar. Se os participantes evoluírem juntos acompanharão o dirigente através dos anos, caso contrário serão usados e descartados para dar treinamento e conhecimento para o dirigente transmitir para quem realmente se interessa para o Trabalho. Em outras palavras, ou evolui na consciência e nos atos juntos, ou é apenas usado para  quem se interassar um dia em aprender com os erros daqueles que não se esforçaram.
Num grupo de Gurdjieff tudo é útil.  Tanto os que fazem esforço como os que são usados pelos outros. A escolha é pessoal e interior, é como o exemplo da árvore, é necessário haver raiz, caule, folhas, para que haja frutos. A raiz são aqueles que trabalham para o grupo sem aparecer, o caule são os que sustentam o grupo com dinheiro, casa, local, etc. As folhas são aqueles que entram no grupo e saem em seguida por qualquer motivo e o fruto é a meta que se e está alcançando com o esforço pessoal de cada um. Num grupo de Trabalho não deve ter exigência de atitude, cada um deve ser útil para si mesmo e quanto maior a compreensão mais útil é a pessoa para o grupo. Não devemos nos esquecer disso.
A cada momento de observação de si, devemos ver o que representamos para o grupo e o que estamos fazendo para nós mesmos. Que valor tem o Trabalho nesses dois contextos. Minha evolução e a necessidade de existência do grupo. A disponibilidade é o nível de consciência, que está ligado ao destino de cada um. A pessoa muitas vezes acha que não faz algo pelo grupo, porque ela não quer. Isso é um erro pois nessa situação é exatamente o contrário. A pessoa não faz porque não consegue, a sua capacidade de execução de uma tarefa é limitada pelos seus desejos de auto-agradecimento e reconhecimento exterior, tudo acontece para essa pessoa. Nada é de si mesmo mas ela se ilude achando que não faz porque não quer, ou não deve, e assim passamos a vida nos iludindo achando que estamos acordados. Sem percebermos o tanto que ainda falta para acordar.
(18/10/2000)