terça-feira, 18 de junho de 2013

Círculo Interno E Externo Da Humanidade

                                          
O homem comum (1, 2 e 3) pertence ao Círculo Externo da Humanidade. A história que aprendemos desses homens através dos livros, filmes e na escola é baseada em fatos de guerra, política e movimentos populares, além das diversas culturas e povos que tomamos conhecimento em nossa vida. Mesmo aqueles mais famosos entre os homens que movimentam a massa humana recebem influência de dois lugares distintos: dos planetas (Lua) e do Círculo Interno da Humanidade (que são homens que já alcançaram um nível de ser equilibrado e até a imortalidade). Estas duas influências são constantes e não cessam em hipótese alguma.
Enquanto as influências planetárias através do Sol conduzem a humanidade para a própria evolução dos planetas em conjunto, o Círculo Interno da Humanidade conduz os homens não comuns para a evolução dentro da sua própria individualidade, isto quer dizer que os planetas evoluem através do homem e a vida orgânica da Terra. Enquanto os homens do Círculo Interno trabalham sobre si mesmo através do seu próprio esforço e não na lei do acidente, que é o comum da humanidade.
O homem ao dar as suas energias a evolução planetária também evolui, só que a lentidão dessa evolução nós não a consideramos como a evolução do homem, mas da humanidade como um só órgão ou grupo. Se pudéssemos dizer algo a esse respeito, diríamos que toda a  humanidade
está evoluindo junto enquanto os grupos que pertencem ao Círculo Interno procura a evolução de cada ser humano dentro de sua liberdade e individualidade. Se compararmos em termos de tempo, perderíamos a noção de anos dessa evolução, que teria uma diferença de milhões de anos entre um e outro, por exemplo: o homem de mil anos atrás evoluiu até hoje um mínimo (quase não dando para se notar nada) dentro de seu ser.
Um homem numa vida comum de sofrimento e felicidade vivendo 80 anos fez algo sobre si em toda a sua vida apenas alguns minutos de esforço e somente através de sofrimento voluntário ou catástrofe como a guerra, desastre e perigo inesperado na vida. As religiões como um todo são somente para o homem esperar a evolução planetária, digo, as religiões do Círculo Externo da Humanidade com seus guias espirituais e suas normas de conduta. Uma das características do caminho do Círculo Interno da Humanidade é a unidade de compreensão e entendimento, o que um sabe e afirma qualquer um que pertença a esse círculo também concorda e sabe, seja lá o que for. Não existe discordância nem aparência externa religiosa diferenciada, por isso que não devemos chamar de religião apesar de que as grandes religiões da humanidade já foram caminhos que cumpriram sua meta com o Círculo Interno da Humanidade, isto quer dizer que foram dirigidas pelo Círculo Interno da Humanidade.
Enquanto as religiões possuem normas, leis, regulamentos, uniformes, etc, os homens do Círculo Interno nem conhecidos são como religiosos ou guias espirituais, pois a sua influência sobre a humanidade é indireta e desconhecida do homem comum.
O Círculo Interno se inicia com o círculo esotérico que são os homens que já alcançaram o nível superior da humanidade, já possuem todos os níveis de consciência possíveis ao homem, possuem uma meta comum.
O Círculo Mesotérico é o intermediário, ou do meio, são homens que possuem todas as qualidades dos homens do esotérico, a diferença é que não conseguem expressar aquilo que conhecem como atividade externa. Sabem muito mais do que fazem. A sua compreensão também não é
discordante entre si, tanto faz um homem desses ter sua vida na China e o outro ser brasileiro, os dois possuem a mesma compreensão e não há discordância entre seus métodos e prática de evolução e Trabalho sobre si, o que um fala o outro concorda e sabe.
O Círculo Exotérico ou externo, são os homens do Círculo Interno que estão mais próximos do homem comum. Um homem do Círculo Exotérico pode possuir o mesmo conhecimento do homem do Círculo Mesotérico ou Esotérico, somente que este conhecimento, ou esta Filosofia não se
expressa por atos, mas também não há discordância entre eles. Este Círculo se encontra muito longe do homem comum, que pertence ao Círculo Externo da Humanidade. Eles estão muito acima da religiosidade comum que conhecemos, eles pertencem à humanidade, não a um grupo
religioso. Podem até estar dentro de um desses grupos, mas não são deles no seu interior, pertencem a um nível de ser conscientes da humanidade.
Círculo Interno da Humanidade
Círculo Esotérico – Homens com 4 corpos e com todos os níveis de
consciência possíveis ao homem ( Sol ).
Círculo Mesotérico – Homem com 3 corpos e com nível de consciência
objetiva (Planetas).
Círculo Exotérico – Homem com 2 corpos e com a consciência de si ( Terra ).

Círculo Externo da Humanidade
Círculo Exterior – São os homens de todas as religiões conhecidas e seus líderes ( não confundir com seus fundadores que eram do Círculo Interno da Humanidade ). Onde há discordância tanto na prática como nos atos, uns lutam contra os outros e possuem diversos pontos de vista. Não podemos considerar como caminhos, apenas obediência e regras de conduta na vida ordinária. A pessoa se conduzindo de acordo com as regras, interiormente não importa nada. Esta é a marca da religião comum.

A ordem e existência de um homem que é do Círculo Interno já não pertence ao mundo conhecido, a sua realidade é outra. Ele pode ser um homem comum exteriormente: mecânico, artista, etc,mas sua vida é de um outro nível e sua realidade  o conduz a um equilíbrio e liberdade não
imaginado pelo homem comum do Círculo Exterior. Aparentemente os homens do Círculo Interno da Humanidade são comuns e seguem as leis e costumes locais em que vivem, sua vida é normal mas
sua existência já não depende das leis comuns que conhecemos.
Um homem do Círculo Externo pode procurar praticar e até estar no Caminho Guerreiro, mas não é um Guerreiro nem um Feiticeiro. Estar no Caminho não significa que somos aquilo que procuramos.
(25/10/2000)

HOMENS SUPERIORES

                                             
Como já sabemos, os homens comuns 1, 2, 3 não são diferentes entre si em sua forma de ver e viver em nosso mundo. Tanto sofre o rico como o pobre.Todos tem suas fraquezas nos mesmos níveis e situações análogas.
A diferença inicia no homem número 4 que já não é mais atraído tanto pelo mundo normal, sua existência já possui um objetivo fora da realidade conhecida. Com um esforço interior e um trabalho sobre si esse homem armazena força que é consciência e como o tempo se cristaliza e se transforma num corpo independente do corpo físico, como primeira fase de uma existência superior ao mundo conhecido.
Um homem do nível número 5 já é consciente de si. Podemos dizer que ele é imortal diante do homem comum. Enquanto o homem comum após sua morte física perde também sua consciência do que é e onde está em pouco tempo o homem número 5 permanece por dezenas e milhares de anos comuns a nós, em estado de consciência onde ele estiver. O número 5 também é limitado em sua existência e diante de um homem número6.Este possui uma consciência muito superior aos outros homens. Tanto ele vê, como sabe e vai para locais que nós não temos acesso com consciência, no máximo podemos ter um vislumbre do que possa existir e onde possa estar. Para esse homem o número 5 é mortal diante de sua realidade e sua limitações desse nível é muito superior ao do homem número 5.
O homem número 6 já é um equilíbrio ao nível planetário, queremos dizer que sua existência no tempo é outra .
O número 7 tem consciência objetiva. Tudo ele sabe e sente. Seu nível é solar. Queremos dizer que seu estado é permanente, nada nele é subjetivo.Este nível de ser podemos dizer que no estado humano de existência ele é imortal em todo os sentidos conhecidos.
(15/11/2000) 

O EU REAL

                                                  
Em nossa vida existem vários eus que em um determinado momento controlam toda a nossa vida e assumem a responsabilidade como se fossem os donos de toda a nossa vida para sempre, mas eles só existem naquele momento. Num outro instante entra um outro eu que também se julga o dono de tudo o que faz e que nos rodeia.O pior é que em nossa lembrança achamos que somos apenas uma pessoa. O que nos ilude é que um eu assume e outro tem uma vaga lembrança do que o outro prometeu. E nós imaginamos que somos apenas uma pessoa. Essa ilusão faz com que as pessoas sempre prometam e nunca conseguem cumprir o que prometeram. Principalmente se essa obrigação é algo que não alimenta o orgulho, vaidade ou interesse pessoal.Quando nos determinamos a fazer um esforço para uma auto-observação, devemos estar preparados também para mudanças que ocorrem em nosso redor durante a atenção em si. Se tem momentos que somos levados pelas circunstâncias exteriores com pessoas ou não passamos a não aceitar que aqueles pensamentos e atitudes de nosso corpo não somos nós, temos a possibilidade de ver depois que o momento passou, quem realmente estava presente e qual eu se apresentou e o que ele sentia e queria.Tomamos uma decisão com toda a seriedade e achamos que iremos cumpri-la. Quando passa a hora mudamos; uma vez, duas, até dezenas de vezes e assumimos outro caminho completamente diferente daquele que anteriormente achávamos que seguiríamos. Somos uma legião de eus, a cada momento somos diferentes do momento anterior, mas algo fica internamente fixo dentro de nós sem que possamos perceber o que é, pelo simples motivo de estarmos distraídos, sem atenção que é o fruto de um esforço, que centraliza essa energia num ponto discreto de apenas observação, nada mais, este ponto é também um eu, fraco inicialmente, mas que pode se fortalecer e tomar a força dos outros. Para isso a pessoa tem que saber inicialmente onde quer chegar, ter em mente seu objetivo e depois a sua meta. Vamos dizer que uma pessoa se determine a ter mais consciência. Tudo que a leva a dormir deve ser eliminado e inicialmente observado. Uma pessoa gosta de forró, samba, pagode, etc...Quando ela vai para esses locais, ela é automaticamente levada a dormir. De que maneira? Cantando, dançando, etc...Para a pessoa conseguir observar quais os eus dominantes e quais as atitudes que a levam a dormir num desses locais, ela deve fazer qualquer exercício ao dançar, cantar, ou atuar se for artista. A energia negativa que circula num desses ambientes se tornará positiva se a pessoa se auto-observar de forma imparcial. Num lugar público de divertimento há energia sobrando para um caçador de força do Trabalho. Tudo está disponível num ambiente público de diversão: as pessoas, a música, mulheres, homens, bebidas, comidas, enfim, tudo pode ser usado, ninguém vê nada, nem quer nada, todos estão para se esquecer, se alguém está para se lembrar, pegará toda a energia circundante, será o rei da festa sem que ninguém saiba e se alguém perceber isso poderá também tirar proveito da situação e poderá até acordar por um momento. Infelizmente em seguida voltará ao que era antes e dormirá profundamente novamente, se esquecendo de si próprio ou daquele que lhe chamou a atenção. A força da atenção é material e há ambientes que a possuem em profusão, cabe a nós que estamos no Trabalho ter um pouco de energia para poder pegar a quantidade limitada de energia que existe nos locais. Num ambiente onde há dez pessoas com atenção, a energia será dividida com elas. Onde existem 100 pessoas e somente uma quer esta energia, tudo estará ao seu dispor. (Fim do 1o semestre de 2000)

sábado, 1 de junho de 2013

Possibilidades Humanas Na Terra

                                                 

De tudo aquilo que li, pratiquei, vi e senti até hoje, fiquei sabendo de muitas das possibilidades que temos de subir, isto é, de sair da situação em que estamos e prosseguir durante  a vida e ter um certo destino. Qual destino? Antes vou dizer o primeiro destino, aquele normal a todos os que vem fazendo um esforço comum de trabalhar para viver bem ou acumular dinheiro, poder político, esportivo, ou mesmo para prolongar a vida no corpo físico.
Desde que nascemos somos educados para aprender a viver no meio ambiente, crescer, casar, ter filhos e esperar a morte dentro ou fora das religiões, e neste caso viver a esperança de uma vida após morte ou mesmo indiferente a ela. É como se as pessoas vivessem enganando a si mesmas e aos outros, dizendo possuir o que realmente não tem; a esperança ou a fé. Na maior parte das religiões conhecidas, a morte é uma catástrofe e a tristeza abate aquele que fica, e o que vai partir; o temor e o medo de ir embora para o além. Enfim, ninguém quer morrer ou não quer que os amigos e parentes morram, atrás há um consenso interior de que a morte é um fim, uma despedida irreparável. Neste ponto todos são iguais, raríssimas pessoas estão fora deste fator. Das pessoas que conheço e conheci a morte é uma tristeza seja qual for a religião; católicos, judeus, protestantes, budistas, muçulmanos etc.. É como se o destino do homem terminasse com seu corpo físico (ossos, carne, sangue, etc. ). "És pó e ao pó retornarás", enfim todos aceitam este fato,  como sendo o destino comum da humanidade, morrer com o corpo físico Ao mesmo tempo todos tem esperança da continuidade após a morte, pelo menos a maioria não aceita a morte como o fim, acredita que algo continua, então, vive nesta esperança, sem na realidade nada fazer para descobrir ou mudar a situação deste destino. Fogem para as religiões para manter a esperança viva de uma salvação espiritual da alma, etc. então, seguem algumas regras alimentares, morais, ritualísticas e etc. até a morte chegar, e enquanto isto, vai vivendo, trabalhando, se divertindo para se alegrar e esquecer ou fugir de algo que existe na vida e aí, uma hora vai ter que enfrentar este algo, mas  enquanto isso, vai se escondendo no sexo, na bebida alcoólica , divertimentos.
Fora isto, existem outras coisas que o homem queira mudar  acima de tudo, como seu destino e tem esta possibilidade. A pessoa tem que primeiro, não estar satisfeito e aceitar que existem outras possibilidades e então ir atrás, procurar e o pior, aceitar que existem muitas coisas acima da sua compreensão. Aqui é um ponto crucial : que é compreensão. Normalmente as pessoas confundem que a compreensão é tomar conhecimento de alguma coisa, de qualquer maneira, lendo, vendo, vivendo, etc.. Vamos dizer que sabemos que 1+1 é 2, mas não compreendemos porque é dois e não três. A nossa cabeça, a parte intelectual dela tem um limite de compreensão. Por exemplo: mesmo que alguém fale, escreva ou mostre, continuamos a ter uma limitação de compreensão que nos limita dentro de tudo aquilo que sabemos ou que imaginamos saber. Na maneira comum de viver as pessoas vão destruindo todas as possibilidades que o ser humano tem no corpo físico. Tanto destroem sua saúde comendo o seu  e deixando o corpo parado, como as possibilidades latentes de vida fora da "matéria", conhecida como corpo físico. A compreensão está ligada ao nível de consciência, somente  através de um aumento de nível de consciência temos a possibilidade de evoluir e alcançar o verdadeiro destino humano que são os seguintes que conheço:
  • Criar uma alma que viva fora do corpo físico com consciência de onde está e o que está fazendo, com a memória de quem é. Este corpo tem acesso aos mundos mais sutis fora desse físico, mas mesmo tendo este acesso o nível de consciência é o mesmo que de tem aqui no plano físico, portanto, o esforço aqui é essencial, não conheço outra maneira de aumentar de consciência fora do plano físico, por isso estamos presos aqui. Temos a possibilidade dessa vida fora do corpo físico e lá temos outras tarefas e necessidades, tanto de locomoção, que é limitada, como de sensação e emoção que é diferente mas que tem o mesmo nível daqui, isto é, aquele que a pessoa tem aqui. De acordo com certos ensinamentos pode-se:

  • Criar mais dois corpos além desse
  • Criar uma outra forma física consciente, isto é mais um corpo físico
  • Permanecer com a energia que se acumula através do corpo físico parando seu envelhecimento e deterioração por algumas centenas de anos ou muito mais.
  • Além dessas três formas de se aproveitar a energia da vida, li sobre muitas outras, mas hoje dentro das limitações da minha compreensão  não tenho idéia como poderia ser possível, através de um esforço conseguir alem dessas.

O problema é: como conseguir energia suficiente para se ter o poder de armazenar tal energia? Como conseguir criar algo de real dentro de si mesmo? Não estou falando de um procedimento de atitudes externas, nem de conduta externa, pois por mais que a conduta externa seja diferente, estranha, a inferior pode continuar a mesma. Vou até exemplificar:

  • não dançar,  não fumar, não comer carne vermelha, não tomar bebida alcoólica. Tudo isto pode ser bom para a saúde do corpo físico.
  • Não faltar aos encontros religiosos, vestir roupas sóbrias , não assistir TV, não ir a festas etc. Tudo é no relacionamento externo.

Para se conseguir fazer algo nesta direção que uns chamam de luz outros de consciência, outros de salvação, tem que ser um trabalho interior constante, ininterrupto e alguns exteriores se for o caso de esforço coletivo, pois não conheço outra maneira de esforço, melhor dizendo: o esforço individual é em nossa vida comum de estudo ( trabalho, vida em família etc. ) e o esforço coletivo é quando estas pessoas que fazem um esforço interior se reúnem, com esta finalidade. O que fazer? Primeiro há uma necessidade de dúvidas que se conheça, e que se queira conhecer, para poder saber como o nosso corpo funciona, e este esforço não é de alguns dias, dura anos. Após este esforço inicia-se uma análise de todas as atitudes que se faça, tanto o que  gosta quanto o que não gosta. Em síntese, conhecer a si próprio através de uma auto observação, seguindo o Sistema que chamo "Gurdjieff"  pois nunca li nem vi ninguém que o fizesse em outro local, e para isto existe a necessidade de conhecer ou ter idéia de como a máquina humana é dividida, através do Sistema de Gurdjieff. E numa observação podemos perceber que nossa cabeça não é fixa naquilo que tem dentro dela, nem as nossas emoções, então, temos que ter como base a sensação do nosso corpo, pois ela não é volátil, depende unicamente de nós mantermos uma atenção constante sobre ela e a partir daí tudo, tanto o que acontece fora como o que acontece dentro de si mesmo. Este tipo de observação se dá simultaneamente, e quatro partes ( no mínimo ) em nós são observadas : a instintiva, a emocional, a intelectual e até a motora. Nesta observação estão incluídas nossas conversas interiores e até o que sabemos; em suma, toda a Personalidade (tudo o que aprendemos durante a vida) é observada. Este esforço costumo dividir em três partes com suas subdivisões:
  • Um trabalho diário com exercícios objetivos de conhecimento de si, que tem que ser comentado com alguém que já o tenha feito e  que tenha certa experiência. Pois existe a obrigação de fazer um depoimento do que foi feito, e isto cria um elo de grupo entre aqueles que querem acordar, muda a situação em que se encontra.

  • Exercícios coletivos de auto-observação para observar a parte motora do corpo e colocá-la em situação de desenvolvimento e autocontrole desse centro.

  • Periodicamente (mês) se isolar em grupo e intensificar ao máximo os exercícios para ter um aumento de energia em grupo. Nestes encontros se põe em prática aquilo que se diz querer. Podemos construir algo ( mutirão) e além disso trabalhos diversos manuais para se conhecer as limitações pessoais e desenvolvê-las com objetivo de se colocar interiormente. Aqui tem algo na Bíblia que é exato: "A fé sem fazer nada concreto, é morta, é um cadáver." E só sabemos aquilo que fazemos.
Há nisso uma lógica e uma razão inegável. Se o homem quer mudar , é o mesmo que querer ser outro, claro que melhor. Não melhor que outra pessoa,  mas melhor do que ele é até aquele momento. A perda de energia que o homem comum tem ( o que não se esforça para mudar, pois está satisfeito com o que é ), a pessoa para mudar ganha, contudo tem que estar insatisfeita com o que é. O que somos? Primeiro fracos e imaginamos que somos fortes, da seguinte maneira:
Qualquer coisa que acontecer  fora de nós muda nosso interior, significando que não temos uma unidade interior, somos mutáveis e frágeis. Quando não estamos imaginando coisas irreais da vida, estamos sentindo coisas que não tem nenhum valor, como raiva, ódio, ciúme, incertezas ou até alegria fútil, que tira toda a nossa força interior.
Além disso o nosso corpo fica ao abandono, com as musculaturas contraídas inutilmente, jogando fora uma quantidade enorme de energia que poderia ser transformada em consciência, em luz. Nas nossas atitudes só pensamos em nós mesmos, esquecemos que vivemos junto com os outros  e que até dependemos de outros para nossa existência equilibrada, pelo menos socialmente, e não os consideramos, pois perdidos em nossa distração achamos que só nós temos valor. Os pais por não perceberem o que acontece, confundem identificação com amor aos filhos, confundem egoísmo e  idéia de posse com o amor  aos filhos e por aí vai jogando toda a realidade da existência fora. Vai se matando durante a vida para quando chegar a morte não querer morrer. Vai criando um apego egoísta para quando chegar o momento da separação (casamento, perda do emprego, viagem obrigatória, etc.) sofrendo inutilmente se iludindo que gosta das outras pessoas, quando na verdade só tem apego e mecanicidade em tudo. Pergunto: Como alguém pode ajudar a outro se não sabe o que está fazendo? Como pode fazer alguma coisa para si próprio se não se conhece? Como pode ver se não quer abrir os olhos, ou ouvir tapando os ouvidos? A partir da aceitação de que tudo nos limita, até nós mesmos temos que nos libertar disso, e esta luta é titânica.
Há dentro de nós um EU observador e com ele uma série de fatos, entre estes fatos a Personalidade, que é mortal e sua função é apenas nos ajudar como intermediária entre o interior e o exterior através das sensações da parte instintiva. Se  pararmos para observar imparcialmente, começamos a separar o joio do trigo. Aquilo que nos serve e aquilo que é inútil, mas para isso é necessário um esforço , um trabalho sobre si. Com o passar do tempo este EU observador tem energia suficiente para ter uma vida e até um corpo de observação e de existência, um separado de todas as funções. Não para comandá-las inicialmente, mas para ter uma existência separada dentro e fora do corpo físico e suas funções ( intelectual, emocional, motora, sexual e instintiva ), quando isto acontece se forma uma unidade de todas elas que chamo de Essência e que pode existir independente dos fragmentos que há em nós. Na convivência, assim que acordamos de manhã começamos a enfrentar o mundo como ele é e não como queremos que ele seja. Dentro deste conceito fazemos parte destes acontecimentos, a saída para fazermos algo de concreto para nós é isolar-nos das forças que sugam nossa energia e nos tira a consciência de si, que nos impossibilita de ficarmos acordados. Então iniciamos sentindo o corpo, pois é a única maneira que conheço de ficarmos fixos em algum ponto. Para isto temos que senti-lo e a partir dessa sensação relaxar os pontos possíveis: rosto, abdômen, ombros, nádegas, braços , coxas e pernas (centro instintivo). Interiormente observarmos as vozes interiores, intenções, conceitos pré-formados, imaginações (centro intelectual). A partir daí as emoções que nos chegam, principalmente as negativas como raiva, ciúme desconfiança, impulsos de vingança, brincadeiras ofensivas a partir das emoções (centro emocional). Na simultaneidade da observação desses centros é possível fazer  algo, até controlar e daí ver o que pode acontecer fora de nós, pois já estaremos embasados em algo que não é falso. Ao olharmos para as pessoas e recebermos o que querem nos transmitir, desde uma simples conversa, até uma presença de alguém que nos satisfaz ou que é indiferente, ou que nos traga uma outra ação não positiva, temos a chance de analisar e até ver o que está acontecendo e escolher numa tênue linha onde nos situarmos, para continuarmos isolados da mecanicidade da vida e percebermos que se em nós mesmos os Eus não mudarem com as circunstâncias podemos ter a chance de ver outros Eus das pessoas mudando e com ele suas atitudes e sentimentos, com isto não teremos motivos de seguir o caminho do sono e do acidente. Pois será fácil de notar que tudo o que está acontecendo em nossa vida vai passar e com isto mudar os fatos, queiramos ou não, tudo vai passar, mas nós teremos a oportunidade de ficarmos sem passar, serenos, calmos, um pouco mais conscientes de si. Sacrificando o sofrimento que poderia existir dentro de nosso ser, trazidos pelos Eus que dormem e nos levam a tal. Não nos deixa dúvidas que para isto é necessário uma energia baseada inicialmente no pequeno desejo de querer algo. Então fazemos este esforço às vezes quando tudo nos favorece. Depois este pequeno desejo com a continuidade dos esforços diários pode se tornar uma vontade, e até podermos ter forças para receber toda esta energia que está a nossa disposição, em tudo o que fazemos, tanto sozinhos como com as pessoas que não se interessam muito, como também com os companheiros que se esforçam junto conosco. Até um dia sermos uma unidade com possibilidades de ir muito além e de ver e sentir coisas que nunca sentimos ou vimos, de caminhar por lugares que nem a imaginação de qualquer ser humano comum possa existir. E viver realidades estarrecedoras, avassaladoras, imensas, maravilhosas, que o ser humano tem todo o direito de viver, usar e estar juntos, unidos com a imensidão dessa criação divina ; ter a chance de poder sentir pelo menos um pouquinho dessa grande emoção de gratidão por temos essa oportunidade e até o privilégio de estarmos tendo a chance de podermos prosseguir além dos limites de nossa diminuta consciência e conhecimento que tanto usamos, sem sabermos que além disso há muito mais nos esperando.
Talvez a partir daí aprendamos a respeitar aquilo que recebemos e muitas vezes não temos a mínima idéia porque os acontecimentos se desenrolam completamente fora do nosso alcance lógico, compreensível diante da nossa vida. Dentro de todas estas limitações pessoais a existência do EU observador só depende de nossos desejos e a sua existência é independente de nossas funções, bem como a sua consciência de si. A energia que está ao nosso alcance dentro de nossas limitações pode se ampliar muito além, podemos passar a ter o direito de ver e sentir fatos muito além da nossa capacidade e nível de ser.
(15/ 05/ 99)

As Influências A, B E C




Todos começamos algo numa direção e com um objetivo. Digamos que decidimos ir para um  grupo de estudos para adquirir mais conhecimentos sobre si mesmo e que temos que por em prática a observação de si, os exercícios, reuniões, domingueiras, movimentos, leituras, etc...  Todos que começam iniciam com um tipo de sinceridade aparente. Durante as reuniões os assuntos são do trabalho, quando terminam as reuniões já se inicia o segundo processo de influência: as pessoas começam a falar sobre outras pessoas, a brincarem e logo em seguida já estão completamente  esquecidos dos objetivos da observação de si ; começam a criticar quem está falando, a quem errou os movimentos etc; tudo começa a ser mecânico, as brincadeiras entre amigos  se tornam importantes e as tarefas da vida passam a tomar conta como sempre de nossos procedimentos. Às vezes nos lembramos dos exercícios uma ou duas vezes durante uma semana e já achamos que isto é tudo; as reuniões do grupo passam a ser algo social , encontros entre amigos que já faz uma semana que não se vêem., entre abraços e beijinhos, todos alegres e felizes tomam seus lugar es e se inicia uma reunião de “Gurdjieff”. Entre as pessoas que participam de um grupo vão se formando 3 categorias de praticantes: Os Papagaios que falam muito, perguntam tudo , querem saber além do que é dado em reuniões, mas só decoram, não praticam efetivamente quase nada. Os Corujas ficam calados como se soubessem tudo, não fazem pergunta e assim também ficam fora do local de reunião. Olham, tudo e nada fazem. Os Corvos falam, dão depoimentos e saem à procura de carniça que possuem em si e na vida. São os que estão realmente no trabalho, praticam no dia a dia e nas reuniões. São os que chegam mais alimentados com as influências do Trabalho. Claro que todos recebem influências dos 3 tipos.
  • A - da vida comum, como um chamamento para o sono e a morte da consciência.
  • B - com leituras de livros esotéricos, bíblias, etc.
  • C - diretamente de uma fonte onde se tem a possibilidade de acordar que são as influências do trabalho, no nosso caso Gurdjieff.

Não há outra maneira de se perceber qual é a nossa situação interior, se no exato momento de qualquer manifestação de mecanicidade não sacrificarmos nosso orgulho, ciúme, vaidade, raiva e imediatamente obedecermos o que nos propusemos a fazer no trabalho de conhecimento de si mesmo. Digamos que ao sermos provocados por algum fato bom para se distrair , ou mal para os sentimentos ( raiva ); devemos nos lembrar de nossos objetivos  maiores da vida e pegar aquele momento como uma luta de Titãs entre Eus da vida e Eus do Trabalho. Num dos depoimentos que achei perfeito uma pessoa me disse: Um Eu conversador inicia a conversa interior contrária aos exercícios  do Trabalho, um outro Eu observador passa a observá-lo sem interferir . Este Eu conversador observado cessa a conversa interior  e o Eu observador que observa fica satisfeito com o resultado. É  aí que inicia uma verdadeira observação pois até este Eu observador do trabalho também deve ser observado igual ao outro. Todos os nossos pensamentos, imaginações, dados da vida não nos pertence. Tem que ser observado. Tudo aquilo que defendemos ou não gostamos em nós não nos pertence, é algo que pode ser mudado. O verdadeiro caminho que seguimos é o da mudança, da troca de tudo o que somos ou que temos; nada em nós deve ser guardado, devemos esperar sem parar e lutar para que cada movimento externo e interno tenha uma direção em nossas observações do trabalho. O que achamos dos outros é errado assim como o que achamos de nós mesmos.
A única maneira de chegar a ser alguém como um Guerreiro, homem de conhecimento, buscador, etc...não reside em nós; é fruto de um esforço contínuo. Já lemos em algum lugar que o homem para renascer deve antes morrer. O que será que isto significa? O morrer é não deixar nada vivo como base de algo a ser valorizado em nós. Tudo deve ser apenas observado e este que vê dentro de nós é a semente do renascer. A mudança de uma simples pessoa que vive dormindo não se baseia em leituras, nem em reuniões mas em um trabalho solitário consigo mesmo. O ver não é apenas abrir os olhos e saber como fazê-lo, é acima de tudo aceitar a ver o que não nos agrada. As influências acham uma abertura para nos dominar e dirigir nossas vidas através de nossas intenções que é fruto do nosso nível de ser. Então devemos também observar em nós a nossa real intenção e  não a aparente. Vamos dizer que uma pessoa diz ser contra a violência e que a paz é seu objetivo. Ela ao sair de casa pega a arma e coloca na cintura para ir falar com alguém sobre uma situação a ser resolvida. A intenção podemos notar mesmo que a pessoa afirme que quer somente falar. Uma outra pessoa diz que vai ao Shopping somente ver as vitrines e leva dentro da bolsa o talão de cheque e dinheiro. Nisso podemos ver que aquilo que a pessoa se propõe é apenas a máscara de sua real intenção. Uma pessoa que está no trabalho de Gurdjieff deve perceber as intenções externas das pessoas e as suas próprias para não se enganar com o Trabalho. E nada é mais ofensivo para nós do que não podermos esconder nossas reais intenções perante as pessoas se estas  intenções não são dirigidas a acordar e sim a fazer a pessoa a continuar a ser a mesma que sempre foi.
A intenção é o que nos dirige, mesmo que não façamos o que queremos no momento, mas assim que surge a oportunidade a pessoa mostra o que sempre foi: uma pessoa que não quer acordar. Em nosso caso devemos sempre e em todas as situações ter a intenção de ver, acordar e se conhecer cada vez mais. 
(27/09/2000)